Os passageiros enfrentaram longas filas nos terminais integrados, com a redução de 30% na frota ontem.  O tempo de espera dos coletivos chegou ao dobro do normal. Com metade da frota circulando hoje, esse problema pode ser ainda maior. No Terminal Integrado de Camaragibe, de onde saem 20 linhas diariamente para a capital ou o interior, os usuários estavam apreensivos, sem saber como seria a volta para casa. A linha Camaragibe/Derby parou de circular, o que provocou tumulto e aumentou o número de passageiros na parada da linha Camaragibe/Boa Vista.

A cozinheira Juliana Maria Barbosa, 31 anos, estranhou quando chegou ao terminal e percebeu o aumento de pessoas na fila. “Ontem eu levei três horas para chegar ao meu serviço e hoje, pelo visto, vou levar ainda mais tempo porque tem muita gente na minha frente e os ônibus estão demorando”, disse.

Os atrasos foram ainda maiores devido a um protesto na Avenida Belmino Correia, principal via de acesso da cidade ao Corredor Leste/Oeste e à região da Mata Norte. Os passageiros de linhas interestaduais precisaram descer dos coletivos para seguir andando até o TI por causa da interdição da via. O estudante Michael Lucas Arruda, 18, saiu do bairro de Tabatinga às 6h e às 10h ainda aguardava para chegar ao destino. “As pessoas têm o direito de protestar. Acho justo cada um ir atrás, mas em alguns momentos complica a vida de outros cidadãos,” comentou.

O protesto não tinha nada a ver com a falta de combustível. Era, na verdade, por uma reintegração de posse na comunidade Vale do Capibaribe. De acordo com o líder Alessandro Pinheiro, 45, foi emitida uma ordem judicial dando aos moradores 10 dias para desocupar o terreno que hoje agrega também a comunidade Alberto Maia, em Santa Terezinha. “Como não tinha nada lá, invadimos e construímos casas, mercadinhos. E agora querem demolir nossas casas. Mas a gente vai continuar lutando”, contou Marisa da Silva, 20 anos, moradora da comunidade.

Tentando desviar do protesto que ocorria na Belmino Correia, um caminhão-baú acabou derrubando dois postes e atingindo uma casa e um carro no cruzamento das ruas Francisco de Paula e Marcionila Alves. A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) chegou por volta das 9h30 e começou a reparar os estragos. A região ficou sem luz e serviços de internet e telefone durante toda manhã.

O morador de uma das residências atingidas, Aldo Euzébio, 52, se assustou com o barulho. Ele comentou ainda que o motorista do caminhão irá se responsabilizar pelos prejuízos. O muro da casa e a parte interna da residência precisarão ser refeitos. Os moradores que se encontravam em frente ao local do acidente afirmaram que não sabem dizer que é o dono de um veículo quem também foi atingido pelo poste. O automóvel estaria estacionado desde a noite anterior na área.