CRISE DOS COMBUSTÍVEIS » Ciclistas escapam dos impactos da greve Deslocamento pelo modal ainda é restrito pela falta de investimento na infraestrutura cicloviária

Publicação: 25/05/2018 09:00

Para quem usa a bicicleta como meio de transporte, o agravamento no abastecimento de combustível não afetou a rotina nos deslocamentos. E ontem essa opção parecia a mais viável. O percentual de ciclistas que vai para o trabalho de bike, no entanto, ainda é muito pequeno em relação ao transporte rodoviário. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no Nordeste uma média de 12% dos deslocamentos são feitos por bicicleta e no Recife esse percentual chega a 8%. Já a pesquisa Origem e Destino feita pela Prefeitura do Recife, em 2017, aponta um percentual de 4,5% de trabalhadores utilizam a bike como transporte.

Sem preocupação em correr para a parada de ônibus ou para abastecer o veículo em algum posto, Williams Azevedo Lopes, 42 anos, subiu na bicicleta para fazer o caminho de volta para casa. Ele mora em Maranguape I, em Paulista, na Região Metropolitana, e trabalha em um restaurante no Bairro do Recife. “A bicicleta é o meu meio de transporte e eu gasto uma média de 40 minutos daqui para casa”,disse.

Também ciclista, Eduardo Moura, 20 anos, trabalha em uma empresa do pai na Praça do Arsenal e já usa a bicicleta para os deslocamentos desde o ensino médio. “Eu pedalo de Casa Forte até aqui todos os dias. É mais prático e rápido”, contou.

Desde 2013, o servidor público Guilherme Jordão, 34 anos, integrante da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo) trocou o carro pela bicicleta. “Também ando, uso ônibus e em situações pontuais eu pego o táxi ou o uber, mas a bicicleta é o meu principal meio de transporte”, afirmou. Jordão lembra que a situação do Recife poderia ser outra se tivesse feito a aposta pelo transporte não motorizado. Ele ressalta que em Copenhague, capital da Dinamarca, as bicicletas respondem por 63%dos deslocamentos diários. E na Holanda, após a crise do Petróleo em 1973, houve a opção pelaa redução do uso do carro e ampliação da malha cicloviária e rodoviária.  “Infelizmente o transporte rodoviário é o que prevalece em todo o país e no Recife não é diferente”, ressaltou.

METRÔ
O metrô, o maior transporte de massa da cidade, transporta por dia cerca de 400 mil usuários. As linhas Centro e Sul não são suficientes para atender as demandas de destino da população e o transporte representa apenas  6% das viagens feitas pelos recifenses, segundo a pesquisa Origem-Destino do Recife.

Dados gerais

Meio de transporte      Trabalho (%)    Educação (%)    

Ônibus                                50,25    44,54        
Carro                                   24,01    26,98
A pé                                      8,94    15,49
Metrô                                     6,82     4,76
Motocicleta                              4,83     3,29
Táxi                                       0,98     0,59
Fretado                                   0,12     0,05
Transporte escolar                    0,03     0,21

Fonte: Prefeitura do Recife