DIARIO NOS MUNICíPIOS - CARPINA » Manuel, o leão da floresta Ele é o comerciante mais antigo do Mercado Público de Carpina, construído em 1917, quando o lugar ainda era chamado Floresta dos Leões

Publicação: 20/06/2018 03:00

Ele observa a vida do mesmo lugar há 55 anos. Até a sua morte, é lá que deseja ficar. Testemunha tudo de sua cadeira de balanço. Ou fazendo negócios com a clientela. Manuel Lourenço da Silva é o comerciante mais antigo do Mercado Público de Carpina, município da Zona da Mata Norte pernambucana. Começou os negócios vendendo farinha. Tinha apenas 17 anos. O tempo passou, o comércio no município foi modernizado e a farinha começou a chegar às prateleiras dos supermercados já em sacos fechados. O comerciante observou a fuga da clientela e partiu para o contra-ataque. Lançou a venda de outros cereais e produtos. Sobreviveu.

Manuel já está com 72 anos. Levou a filha e um neto para a labuta junto com ele. Em dois boxes, comercializa cereais, mas também artigos de artesanato ou de vestimentas e uma infinidade de outras coisas encontradas somente em locais como aquele, inclusive badoques. Uma mulher se aproxima para comprar farinha. Prefere levar para casa aquela mesmo, exposta em um grande saco aberto. “A qualidade é melhor que a do mercado”, ensina.

O mercado público foi construído em 1917. Na época, o lugar se chamava Floresta dos Leões, um distrito de Paudalho, que mais tarde foi emancipado e ganhou o nome de Carpina. A arquitetura do prédio é em estilo neoclássico e foi um dos primeiros imóveis erguidos no município. Como em todo espaço como aquele, tem comida regional, artigos de umbanda, lojas de conserto. O forasteiro que não compra, passa apenas para conhecer.

Manuel lembra dos tempos trabalhados no trecho do mercado sem coberta. Quando chovia, a lama atrapalhava os negócios. Os anos se passaram e o comerciante ganhou mais conforto para trabalhar. Lamenta um pouco a sujeira. Mas logo diz: “Está tudo bom.” Cerca de 600 famílias sobrevivem com o trabalho no mercado. São 102 boxes no térreo e 54 no primeiro andar.

Apesar de ter se originado de Paudalho, Carpina está mais avançada no quesito variedade de comércio. O lugar atrai clientes da região, inclusive nos dias de feira. Para quem tem o sangue comerciante, como Manuel, Carpina é o lugar.

“Quando eu cheguei por aqui para vender farinha, não tinha nem coberta para aparar a chuva e o sol. Com o tempo, fui variando as mercadorias para atrair o povo, que começou a comprar farinha no mercado”
Manuel Lourenço, comerciante