Urbanização muda vivência em canal A imagem de um mar de lixo no Canal do Arruda era recorrente, mas a relação dos moradores com o equipamento mudou após as obras de requalificação

Publicação: 12/10/2018 03:00

A nova paisagem que o Canal do Arruda ganhou após a obra de requalificação tem mudado a relação dos moradores com a localidade. A construção de calçadas e o alargamento das margens também dificulta o acesso à beira do rio. As ruas asfaltadas permitem que a coleta de lixo passe com regularidade e a recente reestruturação intimida quem antes jogava lixo no talude.

A dona de casa Ednalva Martins de Araújo, de 46 anos, utiliza a Academia da Cidade todos os dias para caminhar e se exercitar. Para ela, a reforma no entorno do rio deu uma cara nova à frente da casa onde mora. “Eu morava em uma casa de taipa, com um cômodo só. Na época, a gente jogava lixo no Rio, mas a poluição atrapalhava, principalmente quando a maré baixava”, conta a moradora lembrando que a população também precisa contribuir para limpeza da região.

A ação de limpeza mais recente realizada no canal de arruda ocorreu em fevereiro deste ano. Foram retiradas mais de 2.400 toneladas de lixo. Aquele canal recebe duas ações de limpeza a cada 12 meses, em cada ação são removidas uma média de 2.500 toneladas de entulhos, a um custo médio de R$ 300 mil. Os serviços incluem a retirada de resíduos e a capinação das margens do canal.

De acordo com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), todos os 99 canais que cortam a cidade recebem, ao menos uma vez por ano, os serviços de limpeza e remoção de entulhos.

A Avenida Professor José dos Anjos, principal via por onde passa o Canal do Arruda, conta com serviço regular de coleta domiciliar. O trabalho é feito duas vezes por dia, de segunda a sábado. A Avenida também possui, desde 2015, uma Ecoestação que funciona como ponto de recebimento gratuito de resíduos volumosos.

No último mês de abril, foram realizadas intervenções ao longo do Canal do Arruda, na Avenida Professor José dos Anjos. Foram realizadas obras de recomposição do talude em trechos do canal, além de reforma e implantação de calçadas e substituição da iluminação em LED. O valor dessas intervenções totaliza um investimento de R$ 1,6 milhão. As iniciativas alcançaram cerca de 100 mil.

Mais de 4,8 quilômetros de passeio público foram recuperados e implantados nas margens do canal. O serviço foi realizado em quatro trechos: entre a Avenida Beberibe e a Rua Petronila Botelho. O segundo, entre a Rua Petronila Botelho e a Rua Jerônimo Vilela; o terceiro, entre a Rua Jerônimo Vilela e a Rua Farias Neves; e o quarto, entre a Rua Farias Neves e a Rua Antônio da Costa Azevedo. A recuperação do talude aconteceu nos trechos 2 e 3, locais onde houve a necessidade da intervenção. A área também recebeu a implantação de nova iluminação em LED, beneficiando o trecho entre a Avenida Beberibe a divisa com a cidade de Olinda.

A empregada doméstica Bárbara Virgínia de Barros, 37, mora no Arruda há 10 anos e recebe auxílio-moradia desde que saiu das margens do rio. Ela está entre os 100 mil moradores beneficiados com as obras, que alcançam moradores dos bairros de Água Fria, Arruda, Campo Grande e Beberibe, na Região Político Administrativa (RPA) 2, que vivem e trafegam pela área. Apesar de a Prefeitura ter transferido grande parte das famílias ribeirinhas para habitacionais, uma nova população se aglomera em palafitas.

“A realidade agora é outra. Isso interfere na nossa saúde. Antes eu vivia adoentada porque entrava rato, mosquito e lixo na minha casa. Hoje moro com meu marido em uma casa de alvenaria e na rua asfaltada. Não convivo mais com a água suja do rio”, comentou.

Com o objetivo de acabar com os pontos de descarte irregular de lixo no local, foram implantadas 20 caixas coletoras nas margens do Canal do Arruda no último mês de junho. Segundo a Emlurb, o órgão realiza ações socioambientais a fim de sensibilizar a população sobre descarte correto do lixo.