Repensando a vegetação do bairro

Publicação: 09/11/2018 09:00

Um dos itens do trabalho de pesquisadores do Departamento de Oceanografia da UFPE foi elaborar e sugerir a diversos órgãos do poder público alternativas de convivências para a realidade que já existe na tentativa de amenizar os efeitos de uma urbanização não planejada. Uma delas é melhorar a arborização de Boa Viagem, com espécies adequadas para o bairro. Esse é um dos focos, inclusive, da Secretaria municipal de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, que tem trabalhado junto à iniciativa privada para fazer ações de plantio nos bairros do Recife de menor índice de áreas verdes.

“Sugerimos um trabalho junto aos condomínios para que eles se autoavaliassem em relação à situação de impermeabilização do seu terreno, para verificar onde é possível plantar uma árvore, onde dá para abrir mão do cimento e colocar um gramado, inclusive nos telhados”, diz a doutora em gestão costeira e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Maria Christina Araújo, que também integra a pesquisa. Ampliar a arborização também pode ajudar a diminuir a temperatura interna do bairro, as ilhas de calor, amenizando o desconforto térmico. Um manual de conduta consciente de ambientes costeiros também foi elaborados pelos pesquisadores.

Outros pontos foram citados como fundamentais para reduzir os impactos da urbanização em Boa Viagem. O ordenamento da praia e o controle do lixo estão entre eles. “Apesar de ser um bairro elitizado, pouca gente sabe que a oferta de água da Compesa é precária. Os condomínios perfuram poços, salinizando os lençóis freáticos da região, que devido à imensa impermeabilização, não consegue se recompor através da água da chuva. A maioria dos prédios tem fossas particulares, que muitas vezes não recebem manutenção adequada e outras tantas desaguam no meio ambiente. Na verdade, saneamento básico, incluindo oferta de água, esgoto, estrutura de drenagem e coleta de lixo adequada, resolveria 75% dos problemas ambientais em Boa Viagem”, defende Christina.