Quadrilha de hackers roubava até milhas Grupo viajava para a Europa e fazia compras com cartões clonados

Publicação: 07/09/2019 03:00

A Polícia Civil de Pernambuco divulgou na sexta-feira os detalhes da Operação Chargeback, que teve como alvo oito integrantes da organização criminosa formada por hackers que praticava fraude a bancos. Cinco pessoas estão presas, mas o líder da quadrilha continua foragido. Integrantes desse grupo chegaram a roubar milhas e viajaram para a Europa para fazer compras com cartões clonados das vítimas.

As investigações começaram no último mês de maio e apontaram casos no Brasil e também no exterior, já que os integrantes também são de outros países. Um dos casos ocorreu em uma agência bancária no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. A investigação começou a partir de uma série de denúncias de estabelecimentos bancários sobre a existência de ataques a clientes.        

Foram presos Nyedja Tatyane Pereira Alves, apontada como laranja e esposa do líder da organização criminosa, identificado como Hugo José Santos Pereira Lima; André Rios de Melo, citado como braço direito do chefe da quadrilha e gerente da empresa Drive Táxi, que pertence a Hugo; Guilherme Augusto Moller, considerado laranja; Nuno Filipe Tinoco Alves atuava nas fraudes e João Batista da Silva Júnior praticava os furtos, recebia os valores e ficava responsável pela lavagem do dinheiro.

O líder da quadrilha tem um mandado de prisão preventiva desde 2016 na Operação Sem Limites, também por desvio de dinheiro de correntistas. Guilherme e Nuno foram presos na Operação Miami, em 2015, por clonagem de cartões.

“A gente conseguiu identificar que essa quadrilha funcionava em diversas frentes. Tomando conta dos dispositivos eletrônicos de clientes, eles furtavam milhas aéreas e clonavam os cartões e tudo sempre começava no fishing, quando um usuário clica em um link malicioso e tem seus dados clonados”, esclareceu o titular da Delegacia do Cordeiro, João Gustavo Godoy.

De acordo com o delegado, os envolvidos conseguiram quebrar o segredo dos chips de cartões de créditos com máquinas que lançavam os dados pessoais dos correntistas para os e-mails da quadrilha. “Eles conseguiam entrar nas contas-correntes e poupanças, subtrair valores utilizando a tecnologia para cometer o mal. O prejuízo foi no estado e também no exterior”, comentou o responsável pela Diretoria Integrada Metropolitana, Ivaldo Pereira.

O nome Chargeback faz referência à compra de um produto com cartões roubados, provocando o estorno dos valores e causando prejuízo aos lojistas. “Essa quadrilha tem dois líderes e um está foragido. O segundo que foi preso é um português. Esse indivíduo já foi preso na Operação Miami, no mesmo moldes da de hoje, em 2015, quando apreendemos notebooks, relógios e outros produtos adquiridos com esses crimes. Ele voltou a cometer o mesmo delito”, afirmou o delegado.

Entre os materiais apreendidos estão um simulacro de revólver, oito papelotes de cocaína, maquinetas de cartões, notebooks, celulares, anotações contábeis e senhas. Todo o material apreendido e os suspeitos detidos foram levados para o prédio do Grupo de Operações Especiais (GOE), no bairro do Cordeiro. Nesta Operação, estão envolvidos 130 policiais civis e as investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil (Dintel) e contaram com o apoio do Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro (LAB-LD).

Em 2015, a Operação Miami prendeu um português e três brasileiros, suspeitos de clonar cartões de crédito para realizar saques e compras nos Estados Unidos. De acordo com a Polícia, eles conseguiam os dados das vítimas invadindo os sistemas das operadoras de cartões de crédito e copiavam as informações. Ainda segundo a Polícia, as compras eram feitas em Los Angeles, Orlando e Miami.