Marinha acha 100 kg de óleo em rio Fuzileiros navais seguem buscando manchas tóxicas no Rio Persinunga, na divisa entre Pernambuco e Alagoas. Total retirado em dois dias chega a 125 kg

Mariana Fabrício
marianafabricio@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 13/11/2019 03:00

Aumentou o volume de petróleo cru descoberto pela Marinha do Brasil no Rio Persinunga, na divisa entre Pernambuco e Alagoas. Fuzileiros navais estão mergulhando no estuário desde segunda-feira (12) para retirar as manchas. Ontem foram recolhidos 100 kg de óleo, totalizando 125 kg desde segunda-feira. O grupamento atuou também nas praias de Xaréu, no Cabo de Santo Agostinho, além da Ilha de Itamaracá e dos rios Goiana e Itapessoca, no Litoral Norte.

A retirada do petróleo se torna mais difícil por conta da densidade da água, que atrapalha a visibilidade, e da variação das marés. O material fica concentrado no fundo do estuário do rio. Os mergulhadores precisam identificar o material no tato. “Mesmo com a água turva existe uma visibilidade mínima, então o mergulhador chega bem perto ao solo para conseguir visualizar. É diferente do mar, onde a gente consegue ver a mancha na superfície. Por isso, é importante o mergulho para detectar a presença do óleo”, explicou o capitão-de-fragata Luiz Felipe de Almeida, que coordena a força-tarefa de ações especiais.

A maior parte do combustível se concentra nas margens do rio, próximo à ponte da divisa, situada entre as rodovias PE-60 e a AL-101. Antes do mergulho, os militares ainda realizam a análise da variação da maré para identificar o melhor horário para as buscas. Na manhã de ontem, a profundidade chegava a cerca de 2 metros. Quanto mais baixa a maré, mais fácil se torna a remoção do petróleo. Todo o material é colocado em sacos de farinha e recolhido por equipes de limpeza da Prefeitura de São José da Coroa Grande.

A presença dos fuzileiros navais atraiu curiosos, que acompanharam os procedimentos. O motorista Wellington Silva, 39 anos, trabalha em uma cooperativa de transporte. A localidade que concentra pousadas, hotéis e receptivos está com pouco movimento, segundo ele. “Desde que começaram as primeiras notícias sobre o óleo, a gente percebe uma diminuição na chegada dos turistas. Para mim, isso representa menos passageiros e prejuízo financeiro. E as pessoas que chegam ainda ficam comentando sobre o medo de ter alguma contaminação se tomar banho”, diz.

Impactos
As análises da água do rio estão sendo realizadas pela Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH). Três técnicos do Ibama acompanham os trabalhos de retirada do petróleo para garantir que as equipes realizem a operação de acordo com o protocolo. Por enquanto, não é possível identificar as consequências do desastre ambiental para a fauna dos estuários.

“A nossa contribuição não passa pela análise ambiental. Por isso, trabalhamos em coordenação com outros órgãos para seguir as condutas orientadas por eles. Somente os especialistas desses órgãos de controle poderão fazer as análises”, comentou o capitão-de-fragata.

Além do Ibama, a Defesa Civil também acompanha o trabalho da Marinha do Brasil. “A partir dessas orientações, recolhemos o material e passamos para o descarte apropriado, para evitar contaminação de  qualquer outro local”, destacou o capitão-de-corveta Ramon do Nascimento, que coordena as ações.