"Precisamos fazer nossa parte pela sociedade"

Publicação: 14/12/2019 03:00

Em dezembro, muito se propaga sobre solidariedade e ajuda ao próximo. O que se viu com o mutirão de escoliose destinado a crianças e adolescentes carentes em Pernambuco é o discurso posto em prática por alguns dos maiores especialistas do Brasil quando se trata de correção de desvio de coluna. Somada a uma parceria que devia se tornar cada dia mais urgente.

Para ser realizado, o mutirão contou com seis cirurgiões seniors e outros nove cirurgiões convidados para acompanhar a cirurgia. Desses, somente um deles, o organizador Carlos Romeiro, reside aqui. Todos abriram mão de honorários médicos em favor da ação e a grande maioria pagou a própria passagem e hospedagem para participar do movimento. Uma parcela deles contou com apoio de empresas doadoras, como a Azul Linhas Aéreas, que cedeu passagens; e com hospedagens, patrocinada pela PontesTur.

Participaram ainda quatro neufisiologistas, responsáveis pela monitorização do sistema nervoso durante os procedimentos. Eles usaram equipamentos modernos, indisponíveis no sistema de saúde público, e que permite verificar o pleno funcionamento da medula óssea durante a cirurgia. Um plus para quem trabalha sob o risco de lesão na medula, considerando que ela passa por dentro da coluna. Se fosse pago, um sistema de monitorização medular para uma cirurgia custaria R$ 8 mil para cada paciente.

“Moramos em um país com uma desigualdade abissal. Imaginar que no século 21 temos crianças com sequelas graves e deformidades de coluna devido à incapacidade de acesso ao serviço público nos deixa bastante sensibilizados”, justifica o ortopedista Carlos Romeiro. “Precisamos fazer nossa parte, precisamos devolver à sociedade aquilo que sabemos fazer bem, no nosso caso, corrigir a escoliose”, pontuou. No apoio a eles, anestesistas, enfermeiros, técnicos, instrumentadores e outros funcionários.

Do apoio privado, ressalta-se a participação da Medtronic Brasil, indústria mundial que produz implantes. Sobre a ação, a assessoria não revela cifras, mas médicos estimam gastos que ultrapassam R$ 2,3 milhões. Não é a primeira vez que a Medtronic participa de mutirão beneficente. Desde 2013, está na Expedição Cirúrgica, da Universidade de São Paulo (Usp) para diversos problemas de saúde. Segundo a Medtronic a ação em Pernambuco “faz parte de um projeto maior que deverá acontecer em outras cidades do país”.