Em Areinha, o perigo mora ao lado
Comunidade à beira de encosta em Camaragibe teme deslizamentos e tragédias no próximo inverno, e pede socorro ao poder público
Marcionila Teixeira
marcionila.teixeira@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 28/01/2020 03:00
As lonas de plástico preto rasgam o cenário dos morros de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Na verdade, o que resta das lonas. No último inverno, o município foi o que mais sofreu, na RMR, os efeitos da chuva aliados à falta de intervenções públicas no morro. Sete pessoas morreram soterradas por barreiras em Camaragibe. Com a proximidade do inverno, as famílias voltam a ficar preocupadas. Para elas, lona é ação paliativa. E danificada, também perde essa função. Os muros de arrimo são a principal demanda de quem vive com medo de ser engolido pelo barro.
Gizele Ferreira, 28 anos, é desempregada. Mora sozinha com um irmão na mesma casa que foi dos pais dela. Cresceu observando o pai e a mãe reivindicarem um muro de arrimo junto à prefeitura. A cada ano, diz ela, um pedaço da barreira desaparece. Tornando mais estreita a distância entre o imóvel e o precipício. “Nossa situação é antiga, mesmo assim, nunca foi solucionada”, disse Gizele, moradora de Areinha. Perto dali, no Bairro dos Estados, sete pessoas morreram soterradas durante as chuvas de junho do ano passado.
Luana Lopes, 31, vive em Areinha desde que nasceu. Divide a casa com cinco pessoas, sendo duas crianças e duas mulheres adultas com deficiência. No ano passado, presenciou a barreira ceder perto do imóvel. Agora, conta, há menos de um palmo de distância entre a barreira e a parede da cozinha. “Eu só penso que vai acontecer algum acidente e vamos todos morrer. Precisamos de ajuda urgente. Toda vez que chove, acordo. Essa casa nossa mãe deixou para a gente. Não tenho para onde ir”, lamentou. A barreira que corta a casa de Luana é a mesma da residência de Gizele. As duas são primas. Conhecem, desde crianças, a geografia do medo.
O presidente da Câmara de Vereadores de Camaragibe, Antônio Oliveira (PP), disse que vai levar a denúncia ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). “Esta casa já aprovou inúmeros requerimentos pedindo a construção de muros de arrimo para a localidade.”
A secretária de Defesa Civil, Kátia Marsol, calcula que seriam necessários R$ 5 milhões para sanar os problemas de encostas e drenagem nas áreas de morro. Valor que, segundo ela, Camaragibe não tem. “A prefeita (Nadegi Queiroz - PSDC) irá a Brasília tentar emendas para o município. Por enquanto, estamos fazendo limpeza e recuperação das escadarias e canaletas com recursos próprios”, afirmou.
O serviço de colocação de lonas começa no dia 15 de fevereiro em quatro áreas de morro de Camaragibe. “Temos cerca de dois mil pontos de risco. A partir de março, já temos previsão de chuva”, informou a secretária. Os pontos mais críticos são o Bairro dos Estados, Carmelitas, Areinha, Alto Santo Antônio, Córrego do Desastre, Vale das Pedreiras e Tabatinga. O telefone do plantão da Defesa Civil é 2129-9564.
Entenda
Gizele Ferreira, 28 anos, é desempregada. Mora sozinha com um irmão na mesma casa que foi dos pais dela. Cresceu observando o pai e a mãe reivindicarem um muro de arrimo junto à prefeitura. A cada ano, diz ela, um pedaço da barreira desaparece. Tornando mais estreita a distância entre o imóvel e o precipício. “Nossa situação é antiga, mesmo assim, nunca foi solucionada”, disse Gizele, moradora de Areinha. Perto dali, no Bairro dos Estados, sete pessoas morreram soterradas durante as chuvas de junho do ano passado.
Luana Lopes, 31, vive em Areinha desde que nasceu. Divide a casa com cinco pessoas, sendo duas crianças e duas mulheres adultas com deficiência. No ano passado, presenciou a barreira ceder perto do imóvel. Agora, conta, há menos de um palmo de distância entre a barreira e a parede da cozinha. “Eu só penso que vai acontecer algum acidente e vamos todos morrer. Precisamos de ajuda urgente. Toda vez que chove, acordo. Essa casa nossa mãe deixou para a gente. Não tenho para onde ir”, lamentou. A barreira que corta a casa de Luana é a mesma da residência de Gizele. As duas são primas. Conhecem, desde crianças, a geografia do medo.
O presidente da Câmara de Vereadores de Camaragibe, Antônio Oliveira (PP), disse que vai levar a denúncia ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). “Esta casa já aprovou inúmeros requerimentos pedindo a construção de muros de arrimo para a localidade.”
A secretária de Defesa Civil, Kátia Marsol, calcula que seriam necessários R$ 5 milhões para sanar os problemas de encostas e drenagem nas áreas de morro. Valor que, segundo ela, Camaragibe não tem. “A prefeita (Nadegi Queiroz - PSDC) irá a Brasília tentar emendas para o município. Por enquanto, estamos fazendo limpeza e recuperação das escadarias e canaletas com recursos próprios”, afirmou.
O serviço de colocação de lonas começa no dia 15 de fevereiro em quatro áreas de morro de Camaragibe. “Temos cerca de dois mil pontos de risco. A partir de março, já temos previsão de chuva”, informou a secretária. Os pontos mais críticos são o Bairro dos Estados, Carmelitas, Areinha, Alto Santo Antônio, Córrego do Desastre, Vale das Pedreiras e Tabatinga. O telefone do plantão da Defesa Civil é 2129-9564.
Entenda
- 157.828 habitantes é a população de Camaragibe
- 2 mil pontos de risco já foram identificados
- 41,9% da população vivem com até meio salário mínimo por mês
- 80% do município são formados por morros
- R$ 5 milhões seriam necessários para sanar os problemas de encostas e drenagem nas áreas de morro
- R$ 2 milhões apenas para recuperar escadarias