Conjunto Beira-Mar: moradores protestam Grupo de proprietários não se conforma com o valor de R$ 120 mil, acertado pelos governos estadual e federal com a Caixa Econômica

Allan Lopes

Publicação: 08/07/2024 03:00

Ontem, completou-se um ano do desabamento de parte de um dos blocos do Conjunto Beira-Mar, no Janga, um grupo de moradores protestou contra a falta de medidas das autoridades em relação à indenização que consideram justa. Em junho, o Governo Federal e a Caixa definiram o valor indenizatório máximo em R mil às famílias proprietárias.

Segundo a gestão estadual, anteriormente, os donos de imóveis desse tipo que apresentavam problemas estruturais poderiam ser indenizados em até R$ 30 mil. Agora, com a mudança anunciada pelo Poder Executivo Estadual, esse valor será de cerca de R$ 120 mil.

Além das 14 vítimas fatais, a tragédia deixou cicatrizes permanentes em vidas que mudaram para sempre. É o caso da aposentada Leonilda Rosália, 70, que mora no prédio há 40 anos, mas não reconhece mais sua vida como era antes. “A minha rotina depois dessa tragédia foi muito angustiante. Após um ano, só agora recebi a tutela de dois meses. Veja só, depois de um ano! De lá para cá, tenho me virado como posso. Meu dinheiro não dá, porque é apenas um salário mínimo”, lamenta. Dona Leonilda mora com dois filhos desempregados, que também dependem dela para o sustento.

A aposentada critica o valor, segundo ela, abaixo do que foi desembolsado pelos proprietários. “É muito, muito baixo. Há quase dez anos, pagamos um valor próximo a 200 e poucos mil reais. Poderiam oferecer 220 mil. Comparado com dez anos atrás, quanto o valor não aumentou? É muito desproporcional, com interrupções e juros, não é?”, questiona. “Nós compramos, temos nosso documento de compra. Quando compramos, pagamos uma cota e vendemos. Então, temos o direito de reivindicar uma indenização justa. Justa para todos.”

Cerca de 14 mil famílias são proprietárias ou ocupantes de 431 prédios interditados em Pernambuco, todos com risco iminente de desabamento. “Estão oferecendo uma bagatela de até 120 mil reais. Não existe ninguém que compre um imóvel daquele por esse valor. Nós queremos justiça”, afirma Dona Leonilda.

A luta dos mutuários de prédios-caixão do Grande Recife resultou em milhares de ações judiciais individuais e coletivas para garantir algum tipo de indenização.