Deolane: menos de 24 horas em liberdade Advogada e influenciadora digital infringiu medida cautelar logo após sair do Bom Pastor. Por isso, volta para a prisão, desta vez em Buíque

Felipe Resk

Publicação: 11/09/2024 03:00

Por determinação da Justiça, a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, de 36 anos, vai ficar presa preventivamente na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste, a cerca de 280 km do Recife.

Na decisão, a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), alega que a medida tem objetivo “resguardar a paz pública” e “assegurar que a investigada esteja em um ambiente mais adequado para a preservação da tranquilidade”.

Alvo de investigação contra lavagem de dinheiro por meio de jogos de azar e apostas esportivas, Deolane ficou cinco dias na Colônia Penal Feminina do Recife, onde fãs se aglomeraram para cobrar a liberdade da influenciadora.

“É fundamental considerar a tranquilidade das demais presas. A presença da investigada em uma unidade que possa oferecer um ambiente mais isolado e controlado é essencial para evitar perturbações e garantir a segurança e o bem-estar das outras detentas”, registrou a magistrada.
 
REVOGADA
Deolane havia conseguido prisão domiciliar por ser mãe de uma menina de oito anos, mas deveria cumprir uma série de medidas cautelares, como não falar com a imprensa e nem usar as redes sociais. Ela, no entanto, ficou menos de 24 horas fora da cadeia. “No caso dos autos, há prova substancial de que a investigada Deolane Bezerra Santos, após sua saída do sistema prisional, concedeu entrevistas a diversos repórteres, nas quais alegou que sua prisão foi ilegal e que está sendo alvo de abuso de autoridade, qualificando a prisão como criminosa, citando inclusive o nome da autoridade policial”.  

“Assim, num raciocínio simples, é de se concluir que Deolane Bezerra Santos, imediatamente após a soltura, descumpriu as medidas cautelares impostas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco”.

Para a magistrada, Deolane possui “capacidade significativa de moldar a opinião pública” e poderia “criar um ambiente de pressão sobre as instituições judiciais”. “É importante esclarecer que a investigada não é uma pessoa comum e que sua influência é significativa, dado o seu alcance com mais de 21 milhões de seguidores nas redes sociais. Ao alegar que sofre abuso de autoridade sem apresentar provas substanciais, ela claramente busca obstruir a Justiça”, registra.

A juíza afirmou, ainda, que é “evidente” o objetivo da influenciadora em “mobilizar a opinião pública a seu favor” – uma estratégia “para pressionar o sistema judicial e desviar a atenção dos fatos reais do processo”.