Lei de Patrimônio dá visibilidade ao acervo
Coordenador da restauração do acervo do Diario de Pernambuco diz que a história do Brasil poderá ser entendida pelas páginas do jornal
Mareu Araújo
Publicação: 23/11/2024 03:00
Um arquivo quase bicentenário. Uma verdadeira joia na história do país. Este é o acervo do Diario de Pernambuco, transformado em Patrimônio Material Nacional, esta semana, com a assinatura de uma norma pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao entrar em vigor na terça-feira (19), a Lei nº 15.027 dará visibilidade a um material que pouca gente conhece.
É um arquivo tão importante que, no mesmo dia, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou, na Comissão de Justiça, o Projeto de Resolução que pode tornar os arquivos do Diario Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco.
Em 1825, quando o jornal foi fundado pelo tipógrafo e jornalista pernambucano Antonino José de Miranda Falcão, Portugal reconhecia a independência do Brasil, a primeira linha férrea do mundo foi inaugurada na Inglaterra, o Brasil entrava em seu primeiro conflito armado, na Guerra da Cisplatina, e Dom Pedro II nascia.
A primeira impressão data de 7 de novembro de 1825. Um aviso na contracapa alerta aos assinantes que a edição será deixada na casa de cada um. No entanto, se a casa estiver fechada, o jornal será colocado embaixo da porta. “Porque se torna muito incômodo procurar duas ou três vezes a qualquer um dos senhores assinantes para lhes entregar em mão”, escreveram.
Análise
Marcos Galindo, professor de pós-graduação em Ciências da Informação e coordenador do Laboratório Liber, da UFPE, está à frente do projeto de restauração do acervo do jornal desde 2022.
Em conversa com a reportagem, contou como, em breve, a história do Brasil poderá ser entendida pelos olhos do Diario de Pernambuco.
“As pessoas que fundaram o Diario eram os filhos dos senhores de engenho, que iam para Paris estudar e, é de lá que eles trazem o pensamento liberal. Quando eles criam o jornal, eles estavam defendendo esse ideal liberal”, contextualizou. “Do ponto de vista histórico, o Diario é muito mais relevante do que as pessoas costumam ver. Ele foi o primeiro veículo de mídia que deu voz às pessoas”.
Em 1874, Recife recebeu o primeiro cabo telegráfico submarino, que permitia a propagação de notícias de maneira mais rápida. “As informações que vinham dos Estados Unidos, da Europa e da Inglaterra chegavam aqui primeiro. Então, isso foi alimentando o Diario de Pernambuco, trazendo uma importância singular. Você consegue ver, por exemplo, a mudança na sociedade quando as mulheres começam a votar pelas matérias contra o sufragismo, contra o feminismo”, exemplifica.
Marcos Galindo ainda detalha que nos jornais é possível ver relatos dos movimentos e revoltas populares, interesses pela liberdade econômica. O professor observa que um “fator interessante que podemos ver nos jornais, é que com a chegada da eletricidade, em 1840, o dia se expande”, isto porque às 18h as ruas já estavam vazias.
“Nessa época, o Recife estava se tornando uma cidade universitária por conta da Faculdade de Direito, então vimos o aumento dos cafés”, diz o professor.
“Quando esse acervo ficar disponível, a pessoa que acessá-lo encontrará muito da vida das pessoas, o cotidiano de cada época. Todo mundo vai se interessar”, complementou.
É um arquivo tão importante que, no mesmo dia, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou, na Comissão de Justiça, o Projeto de Resolução que pode tornar os arquivos do Diario Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco.
Em 1825, quando o jornal foi fundado pelo tipógrafo e jornalista pernambucano Antonino José de Miranda Falcão, Portugal reconhecia a independência do Brasil, a primeira linha férrea do mundo foi inaugurada na Inglaterra, o Brasil entrava em seu primeiro conflito armado, na Guerra da Cisplatina, e Dom Pedro II nascia.
A primeira impressão data de 7 de novembro de 1825. Um aviso na contracapa alerta aos assinantes que a edição será deixada na casa de cada um. No entanto, se a casa estiver fechada, o jornal será colocado embaixo da porta. “Porque se torna muito incômodo procurar duas ou três vezes a qualquer um dos senhores assinantes para lhes entregar em mão”, escreveram.
Análise
Marcos Galindo, professor de pós-graduação em Ciências da Informação e coordenador do Laboratório Liber, da UFPE, está à frente do projeto de restauração do acervo do jornal desde 2022.
Em conversa com a reportagem, contou como, em breve, a história do Brasil poderá ser entendida pelos olhos do Diario de Pernambuco.
“As pessoas que fundaram o Diario eram os filhos dos senhores de engenho, que iam para Paris estudar e, é de lá que eles trazem o pensamento liberal. Quando eles criam o jornal, eles estavam defendendo esse ideal liberal”, contextualizou. “Do ponto de vista histórico, o Diario é muito mais relevante do que as pessoas costumam ver. Ele foi o primeiro veículo de mídia que deu voz às pessoas”.
Em 1874, Recife recebeu o primeiro cabo telegráfico submarino, que permitia a propagação de notícias de maneira mais rápida. “As informações que vinham dos Estados Unidos, da Europa e da Inglaterra chegavam aqui primeiro. Então, isso foi alimentando o Diario de Pernambuco, trazendo uma importância singular. Você consegue ver, por exemplo, a mudança na sociedade quando as mulheres começam a votar pelas matérias contra o sufragismo, contra o feminismo”, exemplifica.
Marcos Galindo ainda detalha que nos jornais é possível ver relatos dos movimentos e revoltas populares, interesses pela liberdade econômica. O professor observa que um “fator interessante que podemos ver nos jornais, é que com a chegada da eletricidade, em 1840, o dia se expande”, isto porque às 18h as ruas já estavam vazias.
“Nessa época, o Recife estava se tornando uma cidade universitária por conta da Faculdade de Direito, então vimos o aumento dos cafés”, diz o professor.
“Quando esse acervo ficar disponível, a pessoa que acessá-lo encontrará muito da vida das pessoas, o cotidiano de cada época. Todo mundo vai se interessar”, complementou.
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