Novo feriado celebra representatividade O Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, será feriado nacional pela primeira vez e se junta ao dia 15, Proclamação da República

Adelmo Lucena

Publicação: 11/11/2024 03:00

O mês de novembro de 2024 ganhou um feriado nacional a mais: o Dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, celebrado no dia 20. Mas, antes desta data, os brasileiros vão comemorar o feriado de 15 de novembro, Dia da Proclamação da República, que cai na próxima sexta-feira, permitindo que muitos prolonguem a folga para o sábado e domingo.

Apesar dos brasileiros já estarem acostumados com o Dia da Consciência Negra, a entrada desta data no calendário oficial de feriados chamou a atenção, uma vez que ela era considerada como dia útil até 2023. Anteriormente, a data era considerada feriado em apenas seis estados do Brasil.

O dia 20 de novembro foi instituído como feriado através da Lei 14.759/2023, proposta pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em dezembro do ano passado.

“Essa data tem uma representatividade para o território, para todos os grupos que compõem esse território chamado de Brasil. Ela tem uma questão que é chamar a sociedade para o debate de vilipendiamento, do racismo. Essa data foi justamente cunhada para a gente chamar a sociedade para a discussão do racismo”, analisa a professora de História da África da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Valéria Costa.

“É o momento da gente pensar novamente na questão do racismo e pressionar as estruturas governamentais, as estruturas institucionais para o combate ao racismo. Dentro disso, eu creio que, para a população negra, esse é o momento que representa toda a nossa luta, a luta da nossa existência”, complementa.

ZUMBI
Esta data foi escolhida por ser o dia da morte de Zumbi, líder do quilombo do Palmares que atuou na luta pela resistência e liberdade do povo negro. Registros mostram que aquele refúgio, uma povoação fortificada de escravos negros fugidos, surgiu em 1597, dando nome ao conjunto de mocambos que o formava.

Entre as malocas estavam Acotirene, Andalaquituche e Aqualtune e o principal deles, o Cerca Real do Macaco, onde havia o centro político de Palmares com cerca de 6 mil habitantes. O complexo que formava Palmares possuía 20 mil pessoas.

Para proteção contra invasões, o Cerca Real do Macaco tinha uma paliçada e cercado de armadilhas. Os outros mocambos estavam ligados através de estradas na região da Serra da Barriga, em Alagoas. Essa área, na época, estava vinculada à capitania de Pernambuco.

Zumbi nasceu no quilombo em 1655 e há poucas informações sobre sua vida, mas um relato do jornalista Décio Freitas conta que Zumbi nasceu livre, foi capturado aos sete anos e entregue como escravo a um padre chamado Antônio Melo.

Recebeu o nome de Francisco e aprendeu a falar português e latim. Aos 15 anos, teria conseguido fugir e retornar a Palmares, onde se tornou comandante militar.

Durante a atuação como general, Zumbi se desentendeu com o líder de Palmares, Ganga Zumba, que recebeu uma oferta de paz das autoridades coloniais. Na proposta, o  governador da capitania concedia a liberdade para os nascidos em Palmares, mas todos que fossem fugidos deveriam retornar a seus donos. Zumbi defendeu que a liberdade fosse para todos. Por isso, teria envenenado Ganga Zumba e se tornado líder do quilombo.