Sem vacina, estado investe em prevenção Conscientização para erradicar focos de arboviroses é a meta da Secretaria Estadual de Saúde, que vai trabalhar cuidados específicos por região

NICOLLE GOMES

Publicação: 24/01/2025 03:00

Pernambuco se prepara para enfrentar as arboviroses em 2025. Após registrar 4.530 casos e 17 mortes por arboviroses em 2024, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) lançou o  Plano de Enfrentamento das Arboviroses 2025/2026. Se tratando de arboviroses (dengue, zika,  febre do oropouche e chikungunya), o principal ponto a ser coordenado nas ações de combate é a prevenção.

O Diario conversou com Ana Márcia Drechsler, gerente das Arboviroses e Zoonoses da SES-PE, para entender como foi a elaboração desse plano após as conclusões do panorama do ano passado, especialmente com o desafio da Febre Oropouche, uma doença nova até então nunca identificada em território pernambucano.

“Em 2024, a gente teve um ano de muitos casos, muitas notificações, inclusive, pela questão do Oropouche, que não é transmitido pelo Aedes Aegypti, é transmitido pelo Culicoides paraensis, o maruim. Então tivemos misturados esses números”, explicou.

A gerente das Arboviroses e Zoonoses destacou que conforme as necessidades específicas observadas no decorrer de 2024, cada região terá os respectivos cuidados, buscando evitar, sobretudo, mortes.

“Hoje não estamos falando só de áreas urbanas, porque no ano passado a maioria dos nossos óbitos não foi daqui da região metropolitana. Então o que a gente visualizou casos em área rural, em população indígena, a gente teve um número de óbitos a mais que é exatamente o que a gente não quer”, comentou.

Prevenção é a chave
O planejamento deste ano tem como prioridade a articulação entre os setores da saúde, e busca engajar a população, que tem papel fundamental nesse contexto, segundo Ana.

“Esse plano ele perpassa por todas as áreas e ele não é construído só pela vigilância das arboviroses, ele passa por várias diretorias. O que a gente quer hoje com esse plano é que todo mundo trabalhe integrado. A gente da vigilância não consegue trabalhar sozinho, a gente trabalha junto com a urgência, com a especializada, com os grandes hospitais, com atenção primária, principalmente com a prevenção”, desenvolveu.

“Uma coisa que a gente quer muito nesse ano é ter esse cuidado na prevenção. Nossos maiores números de casos são em março e abril, então a gente já vem se preparando na questão da prevenção, também na questão ambiental. Se fala muito na questão dos casos, mas por trás disso tem a questão ambiental e vetorial. Se a gente faz um trabalho bem feito em rede, a gente consegue diminuir os casos diminuindo o nascimento do mosquito. Está também incluída no plano a educação permanente nas escolas. A gente tá reforçando cada vez mais, porque se a gente não tiver a população bem informada e ajudando fica muito difícil”, acrescentou.

VACINA

Pernambuco possui vacina para crianças de 10 a 14 anos, mas que teve baixa adesão no último ano. Ana falou também como é importante alcançar essa público da vacinação.

“Temos vacina de 10 a 14 anos para dengue, mas a adesão não foi alta. Normalmente a gente tem para essa faixa etária, mas existe uma nova que está sendo desenvolvida pelo Butantan que vai abranger outras pessoas, mas a gente precisa também desse reforço de importância dessa vacina nessa população”, disse.