Celebração de irmãs regada a tapioca
No aniversário de Olinda e Recife, o Diario de Pernambuco conta a história da iguaria que ultrapassou o tempo e virou símbolo
Adelmo Lucena
Publicação: 12/03/2025 03:00
Vários símbolos unem o passado e o presente do Recife e de Olinda - que hoje celebram os seus 488 e 490 anos, respectivamente. Muito além das ruas de paralelepípedos, casarões históricos e mercados populares, um outro detalhe segue unindo as duas cidades: a tapioca - representação da cultura e gastronomia locais.
Ocupando um lugar de destaque, a iguaria é um elo entre o passado e o presente. Esse alimento, que parece tão simples, se tornou um ícone cultural e turístico, procurado não apenas por moradores, mas também por visitantes de todo o mundo. "A tapioca é um alimento que faz parte do cotidiano, como também de momentos festivos", explica o jornalista e antropólogo Bruno Albertim.
Segundo ele, a tapioca possui "elementos centrais para os grupos étnicos que formaram o Brasil". "Primeiro, a goma de mandioca das aldeias indígenas e que sobreviveu à colonização. Segundo, o coco, que é de origem asiática, trazido por portugueses e cujo trato culinário teria sido descoberto e aprimorado pelos africanos da região da Nigéria. e, terceiro, o queijo que vem do leite produzido pelos países ibéricos".
INDEPENDÊNCIA
Foi por meio da produção e venda da tapioca que Maria da Conceição Barros, de 72 anos, conquistou a independência financeira e saiu de Caruaru para morar no Recife. Trabalhando há 44 anos como tapioqueira, ela criou os seis filhos com o dinheiro das vendas. "Nunca gostei de ser dona de casa, nem dessa história de pedir dinheiro ao marido para comprar as coisas. Trabalho desde os 11 anos de idade e hoje meus filhos já são todos maiores de idade. Acho que para uma tapioca dar certo, tem que ter amor. Muitas pessoas chegam aqui para comprar e falam dos seus problemas", destaca Maria da Conceição.
Já a tapioqueira mais antiga do Alto da Sé, em Olinda, Maria José Moreno da Silva, de 85 anos, mais conhecida como "Zeinha" conta que, antes de vender tapioca, era costureira. "Um amigo me perguntou se eu tinha vergonha de trabalhar vendendo tapioca, porque naquela época muita gente tinha vergonha, e eu disse que não. Então ele me pediu para ficar com a barraca dele nos dias de semana e depois para ficar no seu lugar", conta.
HISTÓRIAS
Fundada em 12 de março de 1535, Olinda surgiu como uma vila próspera por conta da produção de açúcar e, com o passar dos anos, tornou-se uma das mais importantes do Brasil Colônia. A cidade sofreu uma invasão holandesa em 1630 e acabou incendiada. Com isso, Recife, que era utilizado apenas como porto, passou a centro econômico e administrativo.
Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos de Portugal migraram para Recife, o que contribuiu para o desenvolvimento da cidade. Com o tempo, a cidade cresceu, tornou-se capital de Pernambuco e se consolidou como um local de tradição e inovação. Olinda, por sua vez, manteve sua essência, sendo tombada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco em 1982. Apesar das diferenças, as duas cidades são consideradas "irmãs" e estão conectadas por laços culturais, históricos e gastronômicos.
Ocupando um lugar de destaque, a iguaria é um elo entre o passado e o presente. Esse alimento, que parece tão simples, se tornou um ícone cultural e turístico, procurado não apenas por moradores, mas também por visitantes de todo o mundo. "A tapioca é um alimento que faz parte do cotidiano, como também de momentos festivos", explica o jornalista e antropólogo Bruno Albertim.
Segundo ele, a tapioca possui "elementos centrais para os grupos étnicos que formaram o Brasil". "Primeiro, a goma de mandioca das aldeias indígenas e que sobreviveu à colonização. Segundo, o coco, que é de origem asiática, trazido por portugueses e cujo trato culinário teria sido descoberto e aprimorado pelos africanos da região da Nigéria. e, terceiro, o queijo que vem do leite produzido pelos países ibéricos".
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Maria da Conceição também fala com orgulho do seu ofício de tapioqueira |
INDEPENDÊNCIA
Foi por meio da produção e venda da tapioca que Maria da Conceição Barros, de 72 anos, conquistou a independência financeira e saiu de Caruaru para morar no Recife. Trabalhando há 44 anos como tapioqueira, ela criou os seis filhos com o dinheiro das vendas. "Nunca gostei de ser dona de casa, nem dessa história de pedir dinheiro ao marido para comprar as coisas. Trabalho desde os 11 anos de idade e hoje meus filhos já são todos maiores de idade. Acho que para uma tapioca dar certo, tem que ter amor. Muitas pessoas chegam aqui para comprar e falam dos seus problemas", destaca Maria da Conceição.
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Zeinha fala com orgulho do seu ofício de tapioqueira |
Já a tapioqueira mais antiga do Alto da Sé, em Olinda, Maria José Moreno da Silva, de 85 anos, mais conhecida como "Zeinha" conta que, antes de vender tapioca, era costureira. "Um amigo me perguntou se eu tinha vergonha de trabalhar vendendo tapioca, porque naquela época muita gente tinha vergonha, e eu disse que não. Então ele me pediu para ficar com a barraca dele nos dias de semana e depois para ficar no seu lugar", conta.
HISTÓRIAS
Fundada em 12 de março de 1535, Olinda surgiu como uma vila próspera por conta da produção de açúcar e, com o passar dos anos, tornou-se uma das mais importantes do Brasil Colônia. A cidade sofreu uma invasão holandesa em 1630 e acabou incendiada. Com isso, Recife, que era utilizado apenas como porto, passou a centro econômico e administrativo.
Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos de Portugal migraram para Recife, o que contribuiu para o desenvolvimento da cidade. Com o tempo, a cidade cresceu, tornou-se capital de Pernambuco e se consolidou como um local de tradição e inovação. Olinda, por sua vez, manteve sua essência, sendo tombada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco em 1982. Apesar das diferenças, as duas cidades são consideradas "irmãs" e estão conectadas por laços culturais, históricos e gastronômicos.
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