Criminosos deixam centenas sem água Na última semana, foram registradas duas ações de bandidos, no litoral e no Sertão, que deixaram municípios inteiros sem abastecimento

ADELMO LUCENA

Publicação: 18/04/2025 03:00

Operação da Compesa, em parceria com a Polícia, desativou ligações clandestinas (DIVULGAÇÃO/COMPESA)
Operação da Compesa, em parceria com a Polícia, desativou ligações clandestinas

Somente em 2024, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) realizou 16 operações que constataram um prejuízo de mais de R$ 1,5 milhão por mês. Agora em 2025, em apenas uma semana, a empresa foi alvo de duas grandes ações criminosas que deixaram cidades de diferentes regiões do estado sem abastecimento de água. Foi para combater esse tipo de ação que foi criada, no ano passado, a Coordenação de Patrimônio.

Um dos exemplos do tipo de crime que é registrado, foi a descoberta, no Sertão do estado, de centenas de ligações clandestinas que beneficiavam chácaras, loteamentos irregulares e plantios que recebiam a água furtada. Uma operação da Compesa, articulada pela sua Coordenação de Segurança Patrimonial de com apoio das polícias Civil e Militar, identificou e retirou as 540 ligações clandestinas. Com isso, foram recuperados 15 litros de água por segundo para o sistema.

Uma pessoa chegou a ser presa em flagrante na operação por possuir uma estrutura ilícita, com diversas bombas, para desviar água. A ligação ilegal estava abastecendo o perímetro irrigado furtando água diretamente da tubulação que atende a um assentamento com 40 famílias. A água era usada para irrigar mais de dois hectares de culturas, entre elas cana-de-açúcar, feijão, milho, hortaliças, além da criação de carneiros, porcos e galinhas.

VISTORIAS
Outra situação que chamou a atenção das equipes foi a descoberta de duas caixas d’ água de grande volume, utilizadas para o abastecimento irregular de carros-pipa. A companhia registrou um Boletim de Ocorrência para identificar e punir outros responsáveis pelas irregularidades e as investigações seguem em andamento. Ao todo, foram vistoriados 35 quilômetros de tubulações nesta primeira etapa da operaçã.

O cenário não é prejudicial apenas para a empresa, mas, principalmente, para a população sertaneja, que já sofre com calendários rígidos de abastecimento e são obrigadas a ficar sem água por conta de criminosos. De acordo com as equipes da Compesa, o volume de água recuperado na operação seria suficiente para abastecer sete mil pessoas por mês.

A Compesa ressalta que fazer ligações clandestinas é crime, previsto no artigo 155 do Código Penal. Por isso, qualquer pessoa pode denunciar essa situação, com a identidade preservada, pelo 0800 081 0195.

IPOJUCA

Já em Ipojuca, no litoral sul, cinco criminosos encapuzados e armados invadiram a Estação Elevatória de Bita, renderam um vigilante e um operador e roubaram fiações, componentes elétricos, depredaram parte da estrutura física da unidade e danificaram equipamentos. A saída dos homens com os materiais foi registrada por câmeras de segurança.

O crime aconteceu por volta das 19h30 da última quarta-feira (16) e causou desabastecimento em localidades do Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca, entre elas Nossa Senhora do Ó, Gaibu, praia de Suape, Vila Nazaré, Ipojuca (área plana), Muro Alto, Porto de Galinhas e distrito industrial de Suape. A Compesa explicou que as barragens de Bita e Utinga compõem o Sistema Suape. Em razão do furto, apenas Utinga está em operação, o que reduz a produção deste sistema.

O crime foi registrado pela Polícia Civil como roubo em estabelecimento comercial ou de serviços. As investigações foram iniciadas e seguem até o esclarecimento do caso. Mesmo com reforço na proteção da estação por meio de segurança armada, instalação de câmeras de vídeo e concertinas, os criminosos conseguiram entrar na estação. A Compesa informou que, para evitar novos furtos, vai trocar toda a fiação elétrica em cobre por alumínio, sem valor comercial.