Enterro de criança atiginda por tiro causa revolta e comoção
Familiares e vizinhos de Hellen Santos Silva, de 4 anos, que foi atingida na cabeça durante tiroteio no Córrego do Deodato, pediram por justiça no funeral
LARISSA AGUIAR
Publicação: 15/04/2025 03:00
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Muitos carregavam cartazes e camisas com a foto da garota e pedidos por justiça |
O velório da pequena Hellen Santos Silva, de apenas quatro anos, foi marcado por forte comoção e gritos por justiça, ontem. Vítima de uma bala perdida durante um tiroteio no bairro do Córrego do Deodato, a criança foi atingida na cabeça as vésperas do próprio aniversário, enquanto a família preparava uma comemoração.
“Minha irmã estava arrumando a sacolinha do aniversário dela. Ela morreu no próprio dia. É muito cruel. Eu só peço justiça por essa criança”, desabafou Kassandra Santos, tia de Hellen, visivelmente abalada durante a cerimônia de despedida.
Kassandra contou que esteve com a sobrinha pouco antes do crime. “Ela estava toda feliz, mexendo no cabelo, eu disse que ia comer o bolinho dela. Até pensei em levá-la comigo, mas decidi seguir só com meu filho. Minutos depois, só escutei os disparos. Tinha tanta gente ali… mas os tiros acertaram só ela. Só a minha pequena”, lamentou.
DISPAROS
O crime ocorreu na noite do sábado (12), por volta das 18h, quando Hellen foi baleada durante um tiroteio na comunidade. Segundo informações preliminares, os disparos teriam sido resultado de uma disputa entre grupos criminosos que atuam na região. A menina chegou a ser socorrida com ajuda da Polícia Militar e levada em estado gravíssimo ao Hospital da Restauração, mas não resistiu aos ferimentos.
Durante o velório, a dor foi compartilhada por dezenas de pessoas que compareceram para prestar as últimas homenagens. Muitas delas vestiam camisetas com o rosto de Hellen estampado e seguravam cartazes pedindo por justiça. “A sociedade toda está em peso querendo justiça. Vamos fazer um protesto. E não vamos parar até que esse crime não fique impune. Por favor, nos ajudem”, clamou Kassandra.
DESABAFO
Mais cedo, a família de Hellen esteve no Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, na área central do Recife, para liberar o corpo da menina. Na ocasião, sua mãe, Elaine, detalhou como aconteceu o tiroteio. “Pedi para minha sobrinha descer com ela, para ela não ver as sacolinhas e os doce”, contou.
Uma hora depois, quando começaram os gritos após os tiros, a mãe pensou que “tinham matado alguém”. “Do jeito que eu estava, com roupa de dormir, desci correndo. Todo mundo já tinha socorrido ela e a polícia levado para o hospital”, declarou.
“Tantos alvos ali e foi atingir logo a minha filha”, afirmou. Bastante abalada, Elaine desabafou: “Minha casa está vazia. Eu não sei nem como fazer mais na minha vida. Eu tenho mais uma filha de 11, mas ninguém vai substituir ela”, declarou.
A morte foi confirmada ainda na noite do domingo (13) pela mãe da criança, por meio de uma publicação nas redes sociais: “Gente, infelizmente, Hellen não resistiu”, escreveu, em tom de desespero. A notícia rapidamente se espalhou, provocando grande comoção entre familiares, vizinhos e moradores da comunidade.
PROTESTO
Após o sepultamento da menina, familiares e moradores do Córrego do Deodato, na Zona Norte do Recife, foram às ruas para protestar e pedir justiça pela morte da pequena, vítima de bala perdida. Com cartazes, balões brancos e gritos, os moradores manifestaram sua indignação. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito tinha sido identificado ou preso.