PF prende ex-gestor do sistema prisional A operação realizada ontem teve como objetivo dar continuidade às investigações sobre o caso de corrupção no Presídio de Igarassu

Publicação: 09/04/2025 03:00

A Operação La Catedral teve uma primeira etapa ainda em fevereiro deste ano (DIVULGAÇÃO/PF)
A Operação La Catedral teve uma primeira etapa ainda em fevereiro deste ano
A Polícia Federal deflagrou, ontem, a segunda etapa da Operação La Catedral, que apura corrupção no sistema penitenciário de Pernambuco. Na ação, o ex-gestor André Albuquerque, afastado da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) em dezembro de 2024, foi preso. Ele chegou a exercer o cargo de secretário-executivo de Administração Penitenciária. A PF também cumpriu um mandado de busca e apreensão.

Todos os mandados foram expedidos contra uma organização criminosa instalada no sistema penitenciário do estado. Na residência do suspeito, foram apreendidos arma funcional, celulares e um veículo AmaroK, que pode ter sido comprado com dinheiro do esquema.

Em fevereiro deste ano, a PF começou a desvendar um esquema de favorecimentos no Presídio de Igarassu, no Grande Recife. A organização criminosa era formada por detentos e policiais penais e responsável por práticas ilícitas dentro da unidade prisional, como tráfico de drogas, corrupção e favorecimento indevido a presos.

CONTROLE
A investigação teve início após a identificação de um interno que exercia controle sobre diversas atividades criminosas de dentro da prisão, com o apoio de servidores do sistema penitenciário. Segundo as apurações, policiais penais teriam recebido vantagens indevidas para facilitar a entrada de objetos proibidos e manipular informações em sistemas internos, beneficiando diretamente alguns detentos.

“A medida, autorizada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco após manifestação favorável do Ministério Público Estadual, tem como base elementos probatórios robustos obtidos no curso de inquérito policial”, dise a PF ontem. A operação teria como objetivo “preservar a ordem pública, garantir a eficácia da persecução penal e impedir a obstrução da coleta de provas, considerando a posição de destaque funcional de alguns dos investigados à época dos fatos”.

INÍCIO
Na primeira etapa, em fevereiro deste ano, mandados de busca e apreensão, além de afastamentos de função e o sequestro de bens dos investigados. As ações ocorreram em sete cidades: Recife, Paulista, Goiana, Carpina, Abreu e Lima, Itapissuma (todas em Pernambuco) e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Os investigados poderão responder por crimes como tráfico e associação para o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção, prevaricação, facilitação de entrada de aparelhos telefônicos em estabelecimento prisional e participação em organização criminosa.

RESPOSTA

Em nota oficial, a Seap informou que o ex-secretário-executivo André de Araújo Albuquerque foi exonerado do cargo no dia 2 de dezembro de 2024, antes da deflagração da operação da Polícia Federal que investiga irregularidades no sistema prisional do estado.

Além de Albuquerque, também foram afastados o ex-diretor do Presídio de Igarassu (PIG), Charles Belarmino de Queiroz Silva, e outros quatro policiais penais. As exonerações, segundo a pasta, “fazem parte de um conjunto de ações estratégicas realizadas em cooperação com órgãos de controle e segurança pública, com o objetivo de identificar e coibir práticas ilícitas nas unidades prisionais”.

A Secretaria garantiu ainda que realizou a “transferências de detentos considerados alvos prioritários para outros estabelecimentos penais, com o intuito de isolá-los e impedir sua influência dentro e fora das unidades”.