Pessoas precisaram chegar de madrugada para pegar um lugar na fila da Central

Relatos sobre dificuldades no agendamento pela internet, grandes filas e venda de vagas são comuns entre as famílias de baixa renda que procuram o serviço, no Recife, de atualização de dados no Cadastro Único (CadÚnico). Ontem, várias pessoas que estavam na longa fila da Central de Atendimento do Cadastro Único, em Santo Amaro, centro do Recife, contaram que uma mulher foi retirada do local por estar vendendo vagas para o atendimento.

“Essa prática é comum aqui na Central. De madrugada, as próprias pessoas em situação de rua que ficam por aqui, pegam um lugar na fila e começam a vender as vagas”, contou o motorista de aplicativo Felipe Lima, de 29 anos. “Hoje nós denunciamos à PM uma mulher que estava fazendo essa prática,” relatou. Ele precisou retornar três vezes para conseguir ser atendido após problemas no sistema.

Ele e a irmã estiveram na Central no último dia 9, mas não conseguiram ser atendimento por falta de vagas. Retornaram na segunda (14), mas o sistema estava com problema, fazendo com que eles retornassem ontem. “Voltamos, tivemos que enfrentar a fila novamente, que estava ainda maior por conta da falta de atendimento nos dias anteriores. Precisamos chegar às 3h50, novamente, para que minha irmã conseguisse ser atendida”, finalizou.

Em outros relatos colhidos pelo Diario de Pernambuco, muitas pessoas afirmaram ter dificuldades para realizar o agendamento pela internet, por meio do Conecta Recife, para serem atendidas em uma das 16 unidades do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). “Como tive a minha aposentadoria suspensa, eu preferi vir para a Central porque, para agendar, eu iria passar mais de um mês para ser atendida”, relatou Berenice Ribeiro, de 74 anos, residente no bairro do Sancho.

Por meio de nota, a Prefeitura do Recife informou que essa Central do CadÚnico tem registrado alta demanda devido à exigência do Governo Federal de atualização de cadastros de famílias unipessoais e suspensão de benefícios como o Bolsa Família e o BPC para quem está com dados desatualizados há mais de 24 meses.

Além disso, segundo a PCR, o atendimento também foi afetado por instabilidades no sistema federal, que passou por mudanças em março de 2025 e tem enfrentado falhas e manutenções programadas como a do dia 11 deste mês. A Prefeitura ainda reforçou que vem investindo na qualificação da Central e segue monitorando a situação “para garantir o atendimento à população com dignidade e organização”.