Paixão nordestina: tudo o que você precisa saber sobre caranguejos Eles são sucesso em na gastronomia e cultura do estado e compõem a mesma família, mas possuem comportamento e habitat bem distintos

João Vitor Pascoal
joaovitorpascoal.pe@dabr.com.br

Publicação: 28/02/2016 03:00

Ele tem cerca de 180 milhões de anos de idade, milhares de espécies e é um dos frutos do mar mais apreciados Brasil afora. Talvez essa seja uma boa apresentação para o caranguejo. O decápode (crustáceo com 10 patas) se divide em inúmeras variações, de comportamentos e habitats bem diferentes - assim como sabores, diga-se. Eles estão distribuídos em toda a costa brasileira, sobretudo no Espírito Santo, Sergipe e Bahia. Em Pernambuco, ocupam majoritariamente as regiões próximas aos recifes de corais, por proporcionarem abrigo e proteção de forma eficaz.

O caranguejo está presente no imaginário popular (e no prato), mas aqueles que são considerados seus “primos”, são, na verdade, de um grande grupo. O professor do departamento de oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jesser Fidelis, esclarece que o termo abrange cerca de 7 mil espécies de crustáceos no mundo. “Eles apresentam um corpo composto basicamente por uma carapaça dura, o abdômen reduzido e total ou parcialmente dobrado sobre o cefalotórax (estrutura que funde a cabeça e o tórax), além de cinco pares de patas”, explica.

De modo geral, a maior parte deles pode ser encontrada no mar, mas também são verificados em ambientes de água doce ou terrestres - o melhor habitat é, simplesmente, aquele que está “disponível”. No ambiente marinho, ocupam desde sedimentos, vivendo sobre, parcial ou totalmente enterrados, até cavidades presentes nos fundos rochosos. “Algumas espécies, como o caranguejo uçá (Ucides cordatus) e o guaiamum (Cardisoma guanhumi), são herbívoras e se alimentam de folhas das árvores dos manguezais. Outras podem ser carnívoras, adotando estratégias de caça, que incluem pequenos invertebrados, peixes ou até filhotes de tartaruga”, aponta. Ainda há outras classificações quanto a sua alimentação, como os carniceiros (restos de comida), os onívoros (carne e vegetais) e os detritívoros (partículas alimentares depositadas sobre os sedimentos).

No estado, há registros de captura de guaiamum em vários estuários pernambucanos, incluindo os rios Capibaribe, Beberibe e Jaboatão. “A captura de guaiamum ocorria em vários estuários, como o Rio Goiana, Itamaracá, Rio Formoso, entre outros. Nos rios Capibaribe e Beberibe, não há mais a captura em abundância e no Rio Jaboatão, há a coleta, mas não recomendo o consumo, em função da poluição”, declara o professor do departamento de zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Fernando Porto.

 

Como diferenciar

 

Além de tamanho e cores, a posição e função das patas ajudam a separar os animais por seus nomes populares. Os siris, por exemplo, são munidos de patas traseiras achatadas, que utilizam para o nado.

 

Fêmeas
Abdômen mais largo
Apresenta pleópodos (patas nadadoras) bem desenvolvidos para reter ovos fecundados até a desova

Machos
Abdômen mais estreito sem cobrir totalmente a parte ventral. Possui dois estiletes que funcionam como órgão copulador