A fortaleza guardiã das artes e da memória do nosso estado
Reduto de salvaguarda cultural, Instituto Ricardo Brennand possui um vasto acerto do período colonial holandês e obras de arte raras
JULIANA AGUIAR
juliana.aguiar@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 27/04/2020 03:00
Suntuoso, histórico, afastado da cidade, com esculturas em mármore e paredes estampando obras raras. O Instituto Ricardo Brennand (IRB) é, acima de tudo, um castelo metalinguístico. É como viajar no tempo, entrar em um castelo gótico que conta a história do medievo, das lutas e das armas brancas, através de uma das maiores coleções bélicas do mundo. O espaço, construído por Ricardo Brennand para resguardar sua coleção particular artística e histórica, era um embrião nos seus pensamentos da infância, idealizado após ganhar um canivete de presente do tio. “O que seria um brinquedo para qualquer menino de minha idade veio a despertar uma vocação de colecionador”, afirmou.
Em 1990, depois de vender parte de suas fábricas, Ricardo decidiu investir na construção de um espaço cultural voltado à preservação e memória de seu acervo pessoal. Com isso, começou a adquirir obras de arte e artefatos relacionados à história brasileira. Inaugurado em 2002, o Instituto, que reúne os sonhos do pequeno Ricardo, é localizado nas terras do antigo engenho São João, no bairro da Várzea, e ocupa uma área de 77 mil m2, cercado por uma reserva preservada de Mata Atlântica. O nome foi escolhido, assim como o seu próprio, em homenagem ao tio. Lá, o canivete da infância se transformou em mais de 3 mil peças, entre facas, espadas, adagas, estiletes e armaduras. Com destaque para as armaduras de 1515, a espada pistola alemã de 1590, as espadas que pertenceram ao Rei Faruk do Egito e o conjunto de fuzis que pertenciam a Dom Pedro I e Dom Pedro II.
Frequentado por nomes de peso, a solenidade de abertura do Castelo, com a exposição Albert Eckhout volta ao Brasil, contou com a presença do príncipe Frederik, herdeiro da Dinamarca. Em 2003, Beatrix, a então rainha da Holanda, também esteve presente para inaugurar a mostra permanente Frans Post e o Brasil holandês. Com 15 telas, é a maior coleção mundial do pintor holandês, que foi o primeiro paisagista das Américas e também primeiro pintor da paisagem brasileira. É também a única coleção que reúne as quatro fases artísticas da carreira de Post, sendo a primeira a que corresponde ao período no qual ele pintou o Brasil, representada pelo quadro A Ilha de Antonio Vaz em Pernambuco, onde hoje estão os bairros de São José e Santo Antônio, na área central do Recife. A exposição integra uma das mais completas coleções de documentação histórica e iconográfica do Brasil Holândes que exibe, ainda, quadros com autorretratos, documentos e manuscritos assinados por Maurício de Nassau, além de um vasto acervo das invasões do Nordeste brasileiro pelos holandeses no século 17.
O IRB possui uma das mais modernas instalações museológicas do Brasil, que conta com o museu de armas brancas Castelo São João, a Pinacoteca, biblioteca, auditório, o Jardins das Esculturas e uma galeria para exposições temporárias e eventos, além da Capela Nossa Senhora das Graças e do Restaurante Castelus. Ao longo da trajetória, o espaço se tornou referência nacional como espaço cultural que abriga um relevante acervo memorial do país. Recebeu, em 2008 e 2009, o título de Menção Honrosa no Prêmio Darcy Ribeiro, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Em poucos anos, o museu se tornou atrativo certo do roteiro pedagógico de escolas do Grande Recife e das rotas turísticas da cidade.
Em 2017, o IRB foi eleito o melhor museu da América Latina no prêmio Travelers’ Choice Awards, do site de viagens TripAdvisor, ano em que o Metropolitan Museum of Art, de Nova York, figurou no topo mundial. Na lista global, o Instituto assumiu o 18º lugar, enquanto a Pinacoteca de São Paulo ocupou o 20º. Em anos anteriores, o IRB também foi destaque na premiação.
As mostras Oitocentos brasileiro, Coleção Janete Costa e Acácio Gil Borsoi e O julgamento de Nicolas Fouquet são as mostras que estavam em cartaz no Castelo antes do fechamento, causado como medida contra a Covid-19. Também ilustram as paredes do Instituto obras dos pernambucanos Francisco Brennand, Tereza Costa Rêgo, José Cláudio, Ismael Caldas, Reynaldo Fonseca e Aloísio Magalhães, que fazem parte do acervo de pintura. Nas grandes salas e corredores, vitrais e mobiliários góticos disputam espaço com candelabros, tapetes, pinturas e esculturas clássicas, como a réplica de O pensador, de Auguste Rodin, fundida em bronze e autenticada pela Casa Rodin de Paris.
Estão presentes na coleção de arte brasileira pinturas, esculturas, desenhos e gravuras de artistas como Abelardo da Hora, Carlos Julião, Claude François Fortier, Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, Henri Nicolas Vinet, Franz Heinnrich Carls e Benedito Calixto. Na coleção europeia, onde predominam temáticas de cenas de gênero e armaria, constam obras de Francesco Maltese, Enrique López Martínez, Tito Lessi e Blaise Alexandre Desgoffe. Também constam no acervo pinturas oitocentistas de temática orientalista e de nus femininos, de autoria de Delphin Enjolras e William-Adolphe Bouguereau.
Ainda dentro do complexo arquitetônico, a Biblioteca José Antônio Gonsalves de Mello reúne a história colonial brasileira, com destaque para o período do Brasil holandês. O acervo também abriga partituras dos pernambucanos Euclides de Aquino Fonseca, compositor, e Padre Jaime Cavalcanti Diniz, musicólogo. Além das exposições permanentes e temporárias, o Instituto oferece visitas educativas, cursos de história da arte, programas de arte-educação, encontros literários, palestras e oficinas. Nos últimos anos, o espaço passou a abrigar, ainda, festas de casamento, formaturas, 15 anos e demais eventos solenes. A Capela de Nossa Senhora das Graças, de estilo gótico, ministra missas mensais.
Em 1990, depois de vender parte de suas fábricas, Ricardo decidiu investir na construção de um espaço cultural voltado à preservação e memória de seu acervo pessoal. Com isso, começou a adquirir obras de arte e artefatos relacionados à história brasileira. Inaugurado em 2002, o Instituto, que reúne os sonhos do pequeno Ricardo, é localizado nas terras do antigo engenho São João, no bairro da Várzea, e ocupa uma área de 77 mil m2, cercado por uma reserva preservada de Mata Atlântica. O nome foi escolhido, assim como o seu próprio, em homenagem ao tio. Lá, o canivete da infância se transformou em mais de 3 mil peças, entre facas, espadas, adagas, estiletes e armaduras. Com destaque para as armaduras de 1515, a espada pistola alemã de 1590, as espadas que pertenceram ao Rei Faruk do Egito e o conjunto de fuzis que pertenciam a Dom Pedro I e Dom Pedro II.
Frequentado por nomes de peso, a solenidade de abertura do Castelo, com a exposição Albert Eckhout volta ao Brasil, contou com a presença do príncipe Frederik, herdeiro da Dinamarca. Em 2003, Beatrix, a então rainha da Holanda, também esteve presente para inaugurar a mostra permanente Frans Post e o Brasil holandês. Com 15 telas, é a maior coleção mundial do pintor holandês, que foi o primeiro paisagista das Américas e também primeiro pintor da paisagem brasileira. É também a única coleção que reúne as quatro fases artísticas da carreira de Post, sendo a primeira a que corresponde ao período no qual ele pintou o Brasil, representada pelo quadro A Ilha de Antonio Vaz em Pernambuco, onde hoje estão os bairros de São José e Santo Antônio, na área central do Recife. A exposição integra uma das mais completas coleções de documentação histórica e iconográfica do Brasil Holândes que exibe, ainda, quadros com autorretratos, documentos e manuscritos assinados por Maurício de Nassau, além de um vasto acervo das invasões do Nordeste brasileiro pelos holandeses no século 17.
O IRB possui uma das mais modernas instalações museológicas do Brasil, que conta com o museu de armas brancas Castelo São João, a Pinacoteca, biblioteca, auditório, o Jardins das Esculturas e uma galeria para exposições temporárias e eventos, além da Capela Nossa Senhora das Graças e do Restaurante Castelus. Ao longo da trajetória, o espaço se tornou referência nacional como espaço cultural que abriga um relevante acervo memorial do país. Recebeu, em 2008 e 2009, o título de Menção Honrosa no Prêmio Darcy Ribeiro, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Em poucos anos, o museu se tornou atrativo certo do roteiro pedagógico de escolas do Grande Recife e das rotas turísticas da cidade.
Em 2017, o IRB foi eleito o melhor museu da América Latina no prêmio Travelers’ Choice Awards, do site de viagens TripAdvisor, ano em que o Metropolitan Museum of Art, de Nova York, figurou no topo mundial. Na lista global, o Instituto assumiu o 18º lugar, enquanto a Pinacoteca de São Paulo ocupou o 20º. Em anos anteriores, o IRB também foi destaque na premiação.
As mostras Oitocentos brasileiro, Coleção Janete Costa e Acácio Gil Borsoi e O julgamento de Nicolas Fouquet são as mostras que estavam em cartaz no Castelo antes do fechamento, causado como medida contra a Covid-19. Também ilustram as paredes do Instituto obras dos pernambucanos Francisco Brennand, Tereza Costa Rêgo, José Cláudio, Ismael Caldas, Reynaldo Fonseca e Aloísio Magalhães, que fazem parte do acervo de pintura. Nas grandes salas e corredores, vitrais e mobiliários góticos disputam espaço com candelabros, tapetes, pinturas e esculturas clássicas, como a réplica de O pensador, de Auguste Rodin, fundida em bronze e autenticada pela Casa Rodin de Paris.
Estão presentes na coleção de arte brasileira pinturas, esculturas, desenhos e gravuras de artistas como Abelardo da Hora, Carlos Julião, Claude François Fortier, Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, Henri Nicolas Vinet, Franz Heinnrich Carls e Benedito Calixto. Na coleção europeia, onde predominam temáticas de cenas de gênero e armaria, constam obras de Francesco Maltese, Enrique López Martínez, Tito Lessi e Blaise Alexandre Desgoffe. Também constam no acervo pinturas oitocentistas de temática orientalista e de nus femininos, de autoria de Delphin Enjolras e William-Adolphe Bouguereau.
Ainda dentro do complexo arquitetônico, a Biblioteca José Antônio Gonsalves de Mello reúne a história colonial brasileira, com destaque para o período do Brasil holandês. O acervo também abriga partituras dos pernambucanos Euclides de Aquino Fonseca, compositor, e Padre Jaime Cavalcanti Diniz, musicólogo. Além das exposições permanentes e temporárias, o Instituto oferece visitas educativas, cursos de história da arte, programas de arte-educação, encontros literários, palestras e oficinas. Nos últimos anos, o espaço passou a abrigar, ainda, festas de casamento, formaturas, 15 anos e demais eventos solenes. A Capela de Nossa Senhora das Graças, de estilo gótico, ministra missas mensais.
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