Entre luzes e lutas, Metrópole celebra 23 anos Boate mais antiga do Nordeste, Club Metrópole sopra as velas com grande festa amanhã, quando também apresenta o espaço New York totalmente reformado

Allan lopes

Publicação: 16/05/2025 03:00

Maria do Céu (centro) e a Metropóle já se tornaram marcas e patrimônios do Recife (CRYS VIANA/DP FOTO)
Maria do Céu (centro) e a Metropóle já se tornaram marcas e patrimônios do Recife

Uma metrópole se define pela influência cultural, econômica ou simbólica que exerce ao redor. Localizado na Rua das Ninfas, no bairro da Boa Vista, o Club Metrópole espelha esse conceito à sua maneira, sendo um polo de diversidade, resistência e afirmação da cultura queer no Recife.

Seus 23 anos de atividade ininterrupta serão celebrados, amanhã, com uma grande festa, da forma que Maria do Céu, fundadora e dona da casa, consagrou como tradição desde a primeira noite. 

Tamanha longevidade se traduz também em relevância: a Metrópole é considerada a boate mais antiga em funcionamento no Nordeste e a terceira do país, atrás apenas da La Cueva, no Rio, e da Blue Space, em São Paulo. "O que construímos nesse tempo vai muito além do espaço físico. A gente conseguiu levantar essa estrutura toda. Um lugar que é respeitado e que também respeita", afirma Maria do Céu, em conversa exclusiva com o Viver.

Além de abrigar histórias de clientes e artistas, o espaço é um testemunho da cultura queer recifense. Foi neste mesmo prédio que a Misty inovou com música eletrônica, performances e teatro. Em 1994, veio a Doktor Froid, já com Maria do Céu na produção. 

Depois, ela manteve o local alugado por um ano para preservá-lo, até fundar, em 2002, o Club Metrópole, com suas famosas pistas New York no térreo e Bar Brasil no andar superior. "O nome combina com o espírito de uma balada. Remete à luz da cidade, ao movimento noturno, a essa energia elétrica que pulsa na vida urbana", ressalta ela. 

A New York, coração da casa, acaba de passar por uma transformação radical, com novo sistema de som e iluminação, layout redesenhado e elementos de acessibilidade que ampliam seu alcance. Tudo será revelado na festa de amanhã. "Foi como tirar o coração da casa, colocar numa máquina, cuidar com extremo zelo e depois devolvê-lo", descreve Maria do Céu. 

Entre os destaques da noite está Filipe Guerra, que começou na escolinha de DJs da casa e hoje tem carreira internacional. A programação inclui ainda Las Bibas from Vizcaya, artista com raízes na Misty e hoje residente do selo espanhol Matinée.