O amor segundo Tiê Em comemoração aos 15 anos de carreira, a cantora paulista revive seu repertório mais romântico em show no Teatro do Parque, hoje

Allan Lopes

Publicação: 11/07/2025 03:00

 (LUCAS SEIXAS/DIVULGAÇÃO)
Em uma era na qual o amor é abreviado por emojis, Tiê segue na contramão, apostando no romantismo feito com palavras. Essa é a proposta de Cartas de Amor, título do show que apresenta hoje, no Teatro do Parque, dentro do Projeto Seis e Meia, com abertura de Allan Carlos. No formato voz e violão, a cantora paulista celebra seus 15 anos de carreira com grandes sucessos e estimula o público a compartilhar memórias, sentimentos e declarações de afeto.

Tiê nunca precisou de datas comerciais para cantar o amor. Em seu disco de estreia, Sweet Jardim, a abertura com Assinado Eu já apontava esse caminho ao trazer uma carta de amor escrita no momento da despedida. “Eu fazia cartas de verdade mesmo”, relembra a artista, em conversa com o Viver. No repertório, essa e outras canções do álbum dividem espaço com hits de diferentes fases da carreira, como A Noite e Amuleto, além de versões delicadas de Prova de Carinho, de Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil, e A Noite do Meu Bem, de Dolores Duran.

Mas o show não se limita às memórias afetivas da própria cantora. Um dos momentos mais especiais da apresentação acontece quando o público é convidado a compartilhar suas próprias cartas. Entre improvisos e confissões planejadas, o gesto se transforma em um dos pontos altos da noite. “Me sensibiliza de um jeito que não tem preço”, afirma Tiê. O resultado vai da emoção às gargalhadas. “Ano passado, em São Paulo, rolou uma superpicante, de um trisal”, diverte-se. 

No fundo, todo esse ritual de leitura confirma algo que Fernando Pessoa escreveu com seu heterônimo Álvaro de Campos: todas as cartas de amor são ridículas. Segundo o autor, a carta é o lugar natural onde o amor pode existir sem filtros: exagerado, clichê e totalmente humano. Tiê endossa essa visão. “Estar apaixonado, terminar, sentir saudade, tudo vira história. E, mais tarde, quando a gente relê, é como voltar no tempo e reviver tudo de novo”, diz ela, que vive um relacionamento de nove anos com o músico André Whoong.

Se ler uma carta é reviver o passado, escrevê-la é tentar eternizar o presente. Por isso, Tiê reforça a importância de manter vivos os gestos analógicos do amor, ainda que hoje pareçam fora de época. “Hoje, com celular, vídeo, mensagens instantâneas, esse gesto se perdeu. As cartas viraram quase obsoletas. Mas são tão valiosas”, aponta a cantora.

A artista também reconhece os diversos outros gestos de carinho e afeto que recebeu ao longo das suas visitas ao nosso estado, cada um deles guardado como uma verdadeira declaração. “Amo ir a Pernambuco. Acho um povo muito alegre, muito brasileiro, no sentido mais intenso da palavra. São pessoas que trazem uma alegria e uma entrega nas coisas que me toca profundamente. Adoro”, celebra. Seja na voz, no papel ou no olhar, Tiê prova que o amor nunca sai de moda.