A preocupação social do movimento motociclista

Publicação: 22/04/2017 03:00

Se a atmosfera de irmandade e respeito ajuda a afastar qualquer julgamento preconceituoso sobre as organizações de motociclistas em Pernambuco, a responsabilidade social que os motoclubes puxam para si elimina de vez qualquer visão estereotipada. Além das aventuras no asfalto e das longas viagens, essas organizações vêm empreendendo atividades de solidariedade que ultrapassam as sedes dos grupos, trazendo o bem possível para organizações e para a própria comunidade.

O Brasil Caveira, por exemplo, se orgulha dos eventos beneficentes que promove várias vezes por ano. No Dia das Mães, o grupo arrecada eletrodomésticos e outros utensílios para as mães do Engenho do Meio, além de promover um café da manhã aberto para a comunidade. O mesmo se repete no Dia das Crianças, onde centenas de brinquedos são doados para a garotada local. O criador do Brasil Caveira mostra com orgulho o registro em sua sede de doações de alimentos feitas ao Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer (GAC), quando conseguiu arrecadar mais de uma tonelada de alimentos para a instituição.

Além disso, o Brasil Caveira e o Coyotys frequentemente promovem doações coletivas de sangue para a Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), onde os membros se reúnem, principalmente em épocas que há muita demanda e baixos estoques de sangue. “Ações sociais hoje formam a imagem dos motoclubes”, resume Sérgio Coyoty.  

Um motoclube a dois

Um embaixador e uma embaixatriz cruzando estradas em uma moto. A cena pode parecer inusitada, mas é protagonizada pelo casal Luiz Cavalcanti e Izabel Cristina. Os dois são os únicos membros - e embaixadores - do motoclube A Rota 51.

São conhecidos também pela produção de acessórios para os motociclistas. É deles, por exemplo, uma balaclava especial para evitar acidentes com cerol, que serve como uma alternativa para a tradicional antena acoplada às motos.

“Os acidentes envolvendo cerol vêm aumentando muito e uma grande parte dos motociclistas não gosta de utilizar a antena na moto por motivos estéticos”, explica o Embaixador. O acessório desenvolvido pelo casal conta com uma estrutura reforçada e até flashes capazes de cortar as linhas. Além de ornar a vestimenta típica de motoclubes, a balaclava é economicamente acessível, a mais barata custa R$ 25, enquanto a mais cara pode ser adquirida por R$ 30.

A preocupação do Embaixador com a segurança dos companheiros de motocicleta surgiu por experiência própria. Há 28 anos, ele sofreu um acidente de trânsito, onde precisou implantar uma perna mecânica, além de três discos de titânio na coluna. Hoje, já aposentado, só pode pilotar triciclos ou motocicletas que possuem um sidecar, estrutura acoplada a moto, onde pode-se levar caronas.

O veículo especial é usado para dar continuidade à paixão pelo asfalto. Em uma moto normal ele não teria forças para se apoiar na perna mecânica. Hoje, ele possui uma Harley-Davidson com um sidecar, modelo exclusivo em Pernambuco com essa estrutura.