Adorno ou resistência?
Não se sabe exatamente a origem do turbante, mas este adereço vem fazendo a cabeça de homens e mulheres há séculos
Aline Ramos | alineramos2.pe@dabr.com.br
Publicação: 08/10/2016 03:00
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O turbante consiste em uma tira de pano - no mínimo, um metro de comprimento - enrolada sobre a cabeça, e de uso muito comum na Índia, no Bangladesh, no Paquistão, no Afeganistão, no Oriente Médio, no Norte da África, no Leste da África, no Sul da Ásia e em algumas regiões da Jamaica.
A origem deste acessório é desconhecida, mas sabe-se que já era usado no Oriente muito antes do surgimento do islamismo. Os sikhs, que não são nem muçulmanos e nem árabes, constituem a maioria das pessoas que usam turbantes no mundo ocidental. O atavio também é comum nas religiões tradicionais africanas, afro-americanas e afro-brasileiras, podendo ser de vários tipos e cores.
A Europa também aderiu ao ornato, primeiramente entre marinheiros e navegadores. No entanto, no século 18, o turbante tornou-se item de moda para as francesas. Feito com grande quantidade de tecidos leves arranjados cuidadosamente na cabeça das damas, o enfeite foi sucesso até meados do século 19. No Brasil, chegou pelas mãos dos africanos que eram trazidos como escravos. As mucamas usavam turbantes nas cabeças não como trajes da “moda”, até porque havia uma série de restrições legais e econômicas que limitavam as suas escolhas.
Por volta de 1920, o costureiro francês Paul Poiret trouxe os turbantes de volta ao cenário fashion. A moda, porém, se popularizou no final dos anos 1930, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Em tempos difíceis, o acessório foi um excelente aliado para disfarçar cabelos mal cuidados. Muitas atrizes de Hollywood apareceram retratadas com glamurosos turbantes entre os anos 1920 e 1940. No Brasil, a atriz e cantora Carmen Miranda adotou o enfeite no seu figurino. Nos anos 1960, o turbante ressurgiu como símbolo da cultura negra, nos movimentos que lutavam pelos direitos civis.