OAB: "Uma página a ser virada, não esquecida"

Publicação: 01/09/2016 03:00

Lamachia: impeachment não resolve os problemas (Roberto Ramos/DP)
Lamachia: impeachment não resolve os problemas
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, declarou, ontem, que o impeachment de Dilma Rousseff “é legal, mas não resolve todos os problemas do país”. Lamachia mandou um recado ao presidente Michel Temer. “O novo governo, que chega ao poder pela via constitucional e não por ter vencido uma eleição, precisa conquistar a confiança da população e se pautar por valores distantes daqueles que fizeram o governo anterior perder o apoio da sociedade, chegando a níveis de aprovação mínimos.”

Em carta ao país, a Ordem diz que “a condenação de Dilma Rousseff no julgamento realizado no Senado Federal, sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal, inaugura um novo momento na política nacional”.

O impeachment, segundo a instituição, “encerra mais um capítulo doloroso da história política brasileira”. Lamachia diz ainda na carta que, do impedimento, “é preciso extrair lições para o futuro, para que o país não reincida nos mesmos descaminhos que levaram ao descrédito grande parte da classe política.”

A OAB lamentou que a presidente eleita não possa terminar seu mandato. Mas diz que “a Constituição é clara ao estabelecer que o impeachment é a punição correta para o chefe de Estado que comete crimes de responsabilidade. É preciso respeitar e aplicar a lei.” A OAB faz uma espécie de crítica à postura dos que apenas criticam. “A sociedade precisa contribuir para que o Brasil supere a crise ética. Não se pode reclamar das falhas dos políticos e dos poderosos sem adotar, no cotidiano, atitudes concretas para tornar o país melhor”, diz o documento. “A população não pode se mobilizar só quando as crises chegam a níveis insustentáveis”, completou.

Em um ano eleitoral, a instituição também aproveitou para fazer um alerta sobre a importância do voto consciente. “Cidadãs e cidadãos devem participar da vida pública, tomar consciência que o voto tem consequências. É preciso conhecer muito bem o histórico dos que se propõem a assumir cargos eletivos antes de votar. A eleição para prefeitos e vereadores deste ano é mais uma oportunidade para retirar das prefeituras e das câmaras municipais os políticos que não honram o voto recebido.”

A OAB enfatizou no texto que o novo governo chegou ao poder pela via constitucional e não por ter vencido uma eleição. E disse que, por isso, “precisa conquistar a confiança da população e se pautar por valores distantes daqueles que fizeram o governo anterior perder o apoio da sociedade, chegando a níveis de aprovação mínimos”.

“Não se pode mais confiar a condução da coisa pública a quem tem um passado repleto de desserviços à nação ou está sob investigação. Também não se pode mais ignorar as necessidades urgentes da sociedade, como a melhoria imediata dos serviços básicos de saúde, educação, segurança e acesso à Justiça”.  (AE)