Uma base ainda sob controle do Planalto Analistas avaliam que Temer conseguirá mobilizar os aliados para votar reforma da Previdência

PAULO DE TARSO LYRA
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Publicação: 25/03/2017 03:00

Apesar da margem relativamente apertada na aprovação do projeto de terceirização na Câmara dos Deputados — 231 votos favoráveis e 188 contrários —, a base do governo de Michel Temer ainda tem gordura para aprovar as reformas que precisa, especialmente a mais difícil de todas, a da Previdência. Desde que Temer assumiu o Planalto, em maio do ano passado — ainda de forma interina, já que o impeachment só aconteceu em agosto —, a base aliada tem apresentado uma fidelidade de praticamente 55%.

A consultoria Arko Advice calcula a fidelidade com base no quórum de 513 deputados, não dos parlamentares presentes. O melhor momento ocorreu em julho, com 62,81%, e o pior, em dezembro, com 42,57%. Naquele mês, o governo sofreu a única derrota até o momento: a aprovação da renegociação das dívidas estaduais sem a necessidade de contrapartida para os governadores.  “A base aliada mandou alguns recados claros de que é preciso negociar. Mas fez isso em uma matéria que não teria riscos para ser aprovada”, afirmou o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice.

Para Noronha, as estratégias do governo para aprovar as diversas matérias são diferentes. No caso da Previdência, por exemplo, o Planalto, especialmente o presidente Michel Temer, tem se empenhado pessoalmente em negociar com os parlamentares. Ao longo desta semana, por exemplo, o presidente reuniu-se com líderes da base aliada na Câmara e no Senado, além de uma ampla reunião com os ministros para ordenar que eles cabalassem votos nos respectivos partidos.

Além disso, Temer retirou, na terça-feira, da proposta original da reforma, os servidores públicos estaduais e municipais. Com isso, atendeu ao pedido dos deputados, que reclamavam receber muita pressão nas bases eleitorais. Deixou a batata para que prefeitos e governadores façam a reforma que acharem mais adequada. “Para mim, não faz muita diferença. Nossos servidores são celetistas, não estatutários”, disse ao Correio o prefeito de Araraquara, Edinho Silva. (Do Correio Braziliense)