O fim da governabilidade?

Publicação: 19/05/2017 03:00

Apesar do presidente Michel Temer ter afirmado que não vai renunciar ao cargo, a governabilidade dele chegou ao fim, segundo especialistas. A leitura é de que a queda do peemedebista é uma questão de tempo, mergulhando o país em um segundo período de forte instabilidade política em menos de dois anos. O ato de não renunciar também se configura uma estratégia política, já que ao deixar o Palácio do Planalto Temer perderia imediatamente o foro privilegiado.

“Eu acredito que a permanência dele é muito difícil. Ele só adiou a saída. É possível que, nos próximos dias, três ou quatro ministros deixem o governo”, disse Isaac Luna, especialista em Ciência Política e professor de Direito Penal da UniFG. Outro ponto levantado por ele são os problemas na linha sucessória do peemedebista. “Nenhum tem a legitimidade das urnas. Os dois primeiros (Rodrigo Maia e Eunício Oliveira) estão implicados nas investigações e a terceira (Carmem Lúcia, presidente do STF), é uma juíza”, observou.

Especialista em direito penal e autor do livro O Jogo Sujo da Corrupção, Luiz Flávio Gomes classificou a saída de Temer como “irreversível”. “A queda da Bolsa de Valores hoje (ontem) já é um sinal de que ele não tem condições de governar”. A leitura dele é de que o peemedebista deve deixar o cargo nos próximos dias. “As forças do país ainda não acharam alguém apropriado. Tão logo achem alguém com o perfil ideal, Temer certamente renunciará”, projetou.

A convocação de eleições diretas, como pedem diversos setores da sociedade, é algo que dificilmente acontecerá, de acordo com a avaliação do cientista político da Universidade Católica de Pernambuco Thales Castro. “A tramitação de uma emenda constitucional com dois turnos e votação em duas Casas Legislativas é algo que demora”, disse. “Para que esse pleito ganhasse força teria que haver muita mobilização social. Muita gente está na rua, mas não é aquilo que aconteceu em 2015 e 2016”, completou Luiz Flávio. (SG)