Comissões serão palcos de ataques ao governo Radicais do PL presidirão colegiados importantes na Câmara dos Deputados e a base aliada do Palácio do Planalto já começa a rever as estratégias para contê-los

Publicação: 11/03/2024 03:00

Depois da escolha conturbada de alguns presidentes de comissões temáticas da Câmara dos Deputados, as indicações feitas pelos bolsonaristas prenunciam dores de cabeça para o governo. A derrota foi sentida entre os apoiadores do presidente Lula (PT), que já tentam reorganizar a tropa, revendo estratégias que impeçam os colegiados de se tornarem palcos para ataques ao Palácio do Planalto.

O golpe mais difícil de digerir foi a eleição de Nikolas Ferreira (PL-MG) para presidir a Comissão de Educação. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), foi às redes para condenar, enfaticamente, a escolha do parlamentar. Também criticou a escolha de Caroline de Toni (PL-SC) para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

“O PL indicou gente radical demais, desrespeitosa para a CCJ e mal-educada, como o deputado que vai presidir a Comissão da Educação. Isso depõe contra a própria Câmara, infelizmente. É lamentável”, criticou Gleisi.

A escolha de Nikolas desagradou até mesmo quem não está no Congresso, como o empresário João Amoêdo, que concorreu à Presidência da República pelo Novo, em 2018 — ele classificou a indicação do deputado como “vergonha” e defendeu que seja substituído. “Os líderes partidários deveriam pressionar o PL para reverter essa nomeação e indicar um nome adequado, e não um deputado sem nenhuma experiência com o tema e que busca relevância apenas com polêmicas”, cobrou.

Nikolas respondeu às críticas, mas se referiu à presidente do PT como “desequilibrada e antidemocrática”. Disse, porém, que o PT será ouvido. “Diferentemente da Venezuela, a oposição terá liberdade e seu lugar de fala”, garantiu.

Já Caroline de Toni evitou reagir a manifestações de desagrado. Preferiu agradecer pela indicação ao comando da CCJ ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A parlamentar afirmou que atuará de forma isenta e que a pauta de projetos respeitará a proporcionalidade dos partidos. Mas deixou um recado: “Sendo uma conservadora, digo que os conservadores tiveram votações históricas (nas eleições). E essa pauta tem que ser respeitada”, afirmou.

“Um orgulho”

Apesar das pressões dos governistas, o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), afastou a hipótese de trocas. Disse, inclusive, que Nikolas é “um orgulho” para o partido. As escolhas da legenda são uma estratégia para manter o clima de acirramento com o PT, de olho também nas eleições.

Outro problema para o governo está na Comissão de Segurança Pública, cujo presidente é o deputado Alberto Fraga (PL-DF), um dos chefes da “bancada da bala”. Fraga anunciou sua pauta prioritária: tornar menos rígido o controle de armas aos CACs — caçadores, atiradores e colecionadores. (Correio Braziliense)