Ajustes no plano contra tarifaço sem resolução Após reunião em Brasília, ontem à noite, a previsão, segundo interlocutores, é de que o plano de contingência saia ainda nesta semana, mas sem data definida

Publicação: 12/08/2025 03:00

Conversa com o presidente Lula durou cerca de duas horas (VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES)
Conversa com o presidente Lula durou cerca de duas horas
A reunião de ajustes do plano de contingência ao tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras terminou, ontem à noite, sem conclusão. A conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros durou cerca de duas horas. Os auxiliares do presidente Lula seguem analisando os pontos da proposta e, segundo interlocutores, não há uma data cravada para anunciar as medidas de proteção às empresas nacionais.

O plano de ação do governo federal deve sair ainda nesta semana, mas sem data definida. A ideia do Planalto é fazer uma apresentação bem detalhada de cada item presente na medida provisória (MP). Participaram da reunião: o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, os ministros Fernando Haddad (Fazenda); Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais); Rui Costa (Casa Civil); Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Jorge Messias e o assessor-chefe da presidência da República, Celso Amorim.

CHINA
Trump anunciou ontem que prorrogou por 90 dias a trégua tarifária com a China. Em uma mensagem publicada em sua rede Truth Social, Trump disse ter assinado “um decreto que estenderá a suspensão tarifária com a China por mais 90 dias”. Os elementos do acordo “permanecerão inalterados”.

Após semanas de escalada tarifária, as duas grandes potências chegaram, em maio, a um acordo em Genebra que reduziu as tarifas respectivas para 10% sobre os produtos americanos e para 30% sobre os chineses. 

OMC
A Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmou, também ontem, o recebimento da queixa do Brasil contra o tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump. O processo, formalizado pelo Ministério das Relações Exteriores na semana passada, acusa Washington de violar regras internacionais ao sobretaxar produtos brasileiros e poupar outros parceiros comerciais. 

Segundo o documento, as tarifas norte-americanas infringem dispositivos do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) de 1994 e do Entendimento sobre Solução de Controvérsias (DSU). O Brasil argumenta que reparações comerciais devem ser conduzidas pelas regras dos tratados multilaterais, e não por medidas unilaterais. Entre as alegações, o governo brasileiro aponta que os EUA excederam o limite tarifário permitido para importações e praticaram discriminação ao isentar alguns países das sobretaxas.

TARIFAÇO
O presidente norte-americano, Donald Trump, assinou, em 31 de julho, ordem executiva que oficializou a tarifa de 50% contra os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.Na prática, os 50% são a soma de uma alíquota de 10% anunciada em abril, com 40% adicionais.

Apesar disso, o chefe da Casa Branca deixou quase 700 produtos fora da lista de itens afetados pela sobretaxa de 40%. Entre eles, suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro. Os produtos isentos dessa segunda leva serão afetados apenas com a taxa de 10%. As tarifas entraram em vigor em 6 de agosto. A conversa entre os ministros e Lula permeou apenas a questão comercial e não abordou temas da esfera política. Também foi destacado que, no momento, o plano de contingência é a prioridade do governo. (Metrópoles, AFP e Correio Braziliense)