Novo laudo diz que Delma Freire é sã Exame já foi aceito pelo Ministério Público e defesa tenta impedir agora que a ré vá a júri popular

Raphael Guerra
raphaelguerra.pe@dabr.com.br

Publicação: 28/07/2012 03:00

Sogra da turista alemã foi apontada como mentora do crime e advogados tentam provar que ela é doente mental (TERESA MAIA/DP/D.A PRESS)
Sogra da turista alemã foi apontada como mentora do crime e advogados tentam provar que ela é doente mental
O Ministério Público de Pernambuco acatou o resultado do novo exame psicológico que comprovou, mais uma vez, que Delma Freire de Medeiros, 51, acusada de planejar e assassinar a turista alemã Jennifer Kloker, não apresenta nenhuma doença mental. O laudo, baseado no teste dos borrões do Rorschach, apontou a acusada como uma pessoa de “personalidade estruturada, mas que age de maneira egocêntrica, na busca da satisfação das próprias necessidades”. A defesa de Delma discorda. Os advogados dela solicitaram à Justiça mais detalhes sobre o exame e podem pedir a sua anulação. A data do júri popular que vai levar a acusada, o marido, Ferdinando Tonelli, e o filho, Pablo Tonelli, e o acusado de ter atirado, Alessandro Neves dos Santos ao banco dos réus ainda não foi marcada.

“A atitude da defesa de solicitar exames mentais para Delma foi meramente protelatória. Uma arma para adiar o julgamento. Os exames comprovaram que não há alteração de temperamento na acusada. Agora não há mais motivos para o júri não acontecer”, disse o promotor André Rabelo. Os advogados da sogra da turista alemã, Washington Barros e José Carlos Penha, afirmam ter interpretado o resultado do laudo de outra forma. “Os testes apontam que Delma não é normal. Ela tem traços de loucura. Solicitamos à Justiça detalhes de como o laudo foi elaborado, pois ele não é conclusivo”, disparou Barros. O Diario teve acesso exclusivo ao texto final elaborado pela psicóloga Lilian Talmon Diniz, contratada para a realização dos testes. Ela deixou claro que “descarta a possibilidade de uma doença psicótica”.

Caso a juíza Marinês Viana, da Comarca de São Lourenço da Mata, conceda pedido dos advogados, a psicóloga Eliza Nogueira, da defesa, vai analisar os exames. Caso não, eles podem recorrer da decisão em 2ª instância, o que vai atrasar ainda mais a data do julgamento. “Da forma como o laudo foi entregue, não tenho como avaliar se todos os exames foram feitos corretamente e se nossos questionamentos foram respondidos”, alegou Eliza Nogueira. Delma Freire continua presa.

Motivação
Um seguro de vida avaliado em R$ 1,2 milhão motivou um roteiro que resultou na execução de Jennifer Kloker, em 17 de fevereiro de 2010. A princípio seria um sequestro ocorrido após um assalto, às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata. A versão sustentada até então pelos Tonelli e por Delma era a de que dois motoqueiros teriam abordado o grupo e levado apenas a vítima. Após ouvir testemunhas e receber informações do GPS do carro usado pela família, a polícia começou a desvendar o crime.