Chantecler emperra na reta final Parte externa está pronta, mas novo projeto, que prevê salas comerciais, ainda aguarda execução

Publicação: 22/01/2014 03:00

 (JOAO CARLOS LACERDA/DP/D.A PRESS)

Quem passa pela Avenida Marquês de Olinda, no Bairro do Recife, mal pode contemplar a beleza do Conjunto Chantecler, ainda que as obras de restauração das fachadas, esquadrias e telhado já estejam concluídas desde março de 2012. Os tapumes e as telas escondem um problema grave: o impasse que impede a reforma interna do prédio e a sua consequente viabilização comercial. De acordo com o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), dois projetos de reforma do espaço interno já foram aprovados, mas nunca chegaram a ser executados. O primeiro de 2008 e o segundo de 2013. A administração do prédio é de responsabilidade da Realesis Empreendimentos.


Conforme informações do superintendente do Iphan em Pernambuco, Frederico Almeida, o novo projeto contempla salas de escritório, diferentemente da concepção inicial das obras, que previa a realização de um centro cultural, com salas de cinema, bares, restaurantes e um café. O primeiro projeto foi idealizado pelo arquiteto Jorge Passos e deveria ser uma espécie de anexo do Shopping Paço Alfândega. “Apesar de ter sido aprovado, a primeira proposta não foi executada porque, acredito, eles reavaliaram a sua viabilidade econômica depois de concluído. Tanto que este novo projeto só contempla salas comerciais”, avaliou Frederico Almeida. Desde o primeiro anúncio de restauro do equipamento, em 1998, a Prefeitura do Recife deixou a cargo dos administradores a ocupação do casario, de acordo com suas necessidades, exigindo-se deles a preservação das origens arquitetônicas do conjunto.


Segundo o arquiteto Bruno Ferraz, que assinou as propostas desse último projeto aprovado pelo Iphan, o grupo Realesis Empreendimentos “resolver mudar o mix do Conjunto Chantecler”. “Quando eles me contrataram, a ideia era ser um projeto mais flexível, que tivesse semelhanças com as atividades iniciais do prédio”, disse. No entanto, ele não forneceu maiores detalhes sobre o empreendimento.

Desde 1998, quando foi feito o primeiro anúncio de restauração, a prefeitura pretendia resgatar a concepção original do conjunto, formado por sete imóveis conjugados, limitados pelas Avenida Marquês de Olinda, Rua da Madre de Deus, Rua Vigário Tenório e Cais da Alfândega.


Apesar da fachada e do telhado estarem concluídos, os tapumes e telas devem ser mantidos para a manutenção do que já foi restaurado, de acordo com o Iphan. O Diario procurou insistentemente a Realesis Empreendimentos, que preferiu não se pronunciar sobre os prazos de execução.

Saiba mais

Edifício Chanteclair

Fim do século 19
O edifício Chantecler
é construído

Início do século 20
Após sua inauguração, teve ocupação mista, sendo usado para residência, lojas, armazéns e bares no andar térreo

1940 a 1970
O prédio passou a ser ocupado por prostíbulos e casas noturnas. Rendeuz Vous e Night and Day foram duas conhecidas casas de prostituição do lugar

Maio de 1998
Anúncio do primeiro grande projeto de recuperação, quando se definiu que os 3,5 mil m2 serviriam para abrigar um hotel quatro estrelas. A obra foi
orçada em R$ 3 milhões

2001
Novo projeto foi anunciado para o conjunto, desta vez idealizado como um centro cultural, com oito salas de cinema e um café. A obra foi orçada, inicialmente, em R$ 6 milhões, financiados pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID)

Agosto de 2012
Início das obras de reforma do conjunto Chantecler

2004
As obras são paralisadas

Setembro de 2008
Conjunto é atingido por ônibus, mas colisão não danifica imóvel

2010
São retomadas as obras de restauro área externa do edifício