Porto seguro para mulheres em perigo Espaço voltado a vítimas de violência e seus filhos foi anunciado pelo governo do estado. Local é mantido em segredo por medida de segurança

Publicação: 31/03/2016 03:00

Paulo Câmara assinou projeto ontem no Palácio do Campo das Princesas (ALUISIO MOREIRA/SEI)
Paulo Câmara assinou projeto ontem no Palácio do Campo das Princesas
Um espaço voltado às necessidades das mulheres vítimas de violência doméstica e seus filhos de até 18 anos. Um local onde, por quatro meses, elas possam se sentir seguras e recomeçar a vida, apoiadas por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais como psicólogos, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem, entre outros. Essa é a proposta da Casa Abrigo Modelo Jeruza Mendes, a primeira do estado erguida com essa finalidade.

O projeto foi lançado ontem, em solenidade com a participação do governador Paulo Câmara. O equipamento passa a funcionar no início de abril. Foram dois anos e meio para construir a edificação, de endereço preservado por questões de segurança. Nesse período, também foram agilizados trâmites como liberações do terreno e de recursos. O investimento na iniciativa foi de R$ 1,7 milhão, com recursos federais e estaduais.

O governo do estado realizou, ontem, a entrega simbólica do abrigo, que vai oferecer brinquedoteca, atendimento psicossocial, espaço de convivência, auditório e refeitório. O espaço terá 25 funcionários. A casa deverá atender mulheres com risco iminente de morte por violência doméstica, que estão sofrendo ameaças.

Para serem acolhidas, elas precisam ter medida protetiva solicitada por uma delegacia e representação criminal assinada também em delegacia, segundo explica Bianca Rocha, 42, diretora geral de Enfrentamento à Violência da Secretaria da Mulher.

Pernambuco conta, hoje, com quatro casas abrigo espalhadas em pontos estratégicos. O estado vai continuar com quatro espaços desse tipo, porque um deles será desativado e suas ocupantes  transferidas para a Casa Abrigo Modelo Jeruza Mendes.

Cada espaço tem capacidade para acolher 20 famílias. São cinco alojamentos em cada casa abrigo, com quatro famílias por alojamento. O objetivo da Secretaria da Mulher em 2016 é transformar as outras três casas em modelo, porque são espaços comuns adaptados. A secretária Sílvia Cordeiro ressaltou a importância de proteger as pernambucanas dando-lhes condições para buscar o empoderamento. Para ela, “Pernambuco tem história libertária e, apesar de ainda ser um estado machista, inovou e teve a coragem de instituir uma secretaria para as mulheres”.

“Um estado como Pernambuco escolher priorizar essa política é um grande símbolo para as novas gerações de gestores”, disse a secretária. Ela fez a entrega de seis veículos para os Centros de Atendimento Especializado para a Mulher. Ao todo, 36 centros assistem à mulher em situação de violência de gênero, na Região Metropolitana, Mata, Sertão e Agreste.

Concurso
O govenador Paulo Câmara aproveitou a ocasião para anunciar que será realizado concurso para a Secretaria da Mulher. “Vamos criar uma estrutura enxuta e fazer o concurso tão logo a situação financeira permita, mas já autorizamos o estudo para que seja esboçado. Queremos dar condições para que a pasta tenha vida própria nos próximos anos, mas dentro da realidade do estado”, declarou Câmara. O governador destacou que as políticas públicas para o segmento devem ser integradas.

Por esse motivo, as secretarias da Mulher e de Saúde assinaram o termo de cooperação técnica para instituir a 2ª Edição do Plano Intersetorial de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que contempla ações conjuntas e estratégicas entre as duas pastas.

Notificações

  • 235 mulheres foram assassinadas em Pernambuco no ano de 2014, segundo o Atlas da Violência, elaborado pelo Ipea
  • 276 foram assassinadas em 2004
  • 14,9% foi a redução do número de homicídios de mulheres neste intervalo de dez anos no estado
  • 4.757 mulheres foram mortas no Brasil em 2014
  • 24,2% foi o aumento nos crimes no país entre 2004 e 2014
  • 390,5%  foi o aumento no Rio Grande do Norte, que registrou a maior elevação em dez anos
  • 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil
  • 8 estados do Nordeste tiveram elevações neste índice, sempre acima de 60%. A única exceção foi Pernambuco, com diminuição