Os filhos múltiplos via SUS

Publicação: 21/01/2017 03:00

Rotina apertada tomou conta da vida dos pais de Vitória, Heloísa, Valdemir, Helena e Alice (Nando Chiappetta/DP )
Rotina apertada tomou conta da vida dos pais de Vitória, Heloísa, Valdemir, Helena e Alice

Para a dona de casa Hildeane Carneiro, 39, e o metalúrgico Valmir Silva, 34, a rotina de cuidar de quíntuplos é apertada. Vitória, Alice, Heloísa, Helena e Valdemir completaram um ano e cinco meses e os moradores do Cabo de Santo Agostinho mal têm tempo de atender o telefone na correria do dia a dia. Os desafios cotidianos são reportados nas redes sociais, que documentam o crescimento dos filhos. “Muita alegria, muita saúde e muita, mas muita energia”, brinca Valmir em uma das publicações diárias, acompanhadas por centenas de amigos e curiosos. Diferentemente da maior parte dos casos de inseminações múltiplas, a fertilização in vitro feita por Hildeane após cinco anos de tentativa foi completamente gratuita, realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Imip.

A atenção da unidade de saúde à reprodução humana começou em 2004, em parceria com uma clínica particular da cidade. As técnicas de reprodução assistida com o SUS, porém, foram iniciadas em 2009, contando com oito médicos, dois biomédicos, um enfermeiro e dois embriologistas, além de uma equipe de psicólogos e assistentes sociais para ajudar nos casos. Na época, 2.074 casais foram inscritos para passar pelo processo.

O procedimento que deu origem aos quíntuplos, realizado em Hildeane no começo de 2015, no entanto, foi um dos últimos feitos pela instituição, que fechou o departamento em 2016 por falta de verba. Ao todo, foram 105 gestações bem-sucedidas, 301 fertilizações in vitro e 39 inseminações artificiais. O fim da clínica, que gastava cerca de R$ 11 mil por paciente atendido, foi motivo de lamento para especialistas. “O valor desses procedimentos também é um desafio ético, afinal, você está privilegiando um segmento da sociedade”, explica Aurélio Molina.