A vez das batinas

Publicação: 04/03/2017 09:00

Obra Suicidio do padre João Ribeiro no Engenho Paulista, de autoria de Renato Valle, mês de novembro do Calendário Cepe (Cepe/Divulgacao)
Obra Suicidio do padre João Ribeiro no Engenho Paulista, de autoria de Renato Valle, mês de novembro do Calendário Cepe
No início da colonização, a Igreja foi o maior baluarte do Trono. Os padres recebiam salário da Coroa e ensinavam às crianças, no catecismo, que não era o povo que elegia os governantes, e sim Deus. Que os reis eram os nossos pais. Com o passar do tempo, porém, eles foram se abrasileirando, e dos 120 que havia de Pernambuco, em 1817, a metade se envolveu com a revolução.

Em seus sermões, nas igrejas, os padres passaram a pregar que a República não contrariava a doutrina do Evangelho, e que ninguém devia mais nada à Coroa, posto que a lealdade baseava-se num contrato de parte a parte. E como Sua Alteza fora o primeiro a faltar com suas obrigações, lançando o povo na miséria e permitindo todo tipo de injustiças, o acordo com ele estava encerrado. E alguns deles também pegaram em armas.

Frei João Loureiro, guardião do convento dos franciscanos, assumiu o codinome Cachico e se tornou um destacado líder de guerrilha. Padre Antônio Souto Maior, subvigário de Tejucupapo, formou igualmente uma tropa e revelou-se o melhor soldado pernambucano, destacando-se na vitoriosa batalha do Engenho Utinga. E por todos esses motivos, 1817 também ganhou o apelido de “revolução dos padres”.