Motivação do crime ainda desconhecida pela polícia Empresário apontado como autor da morte da companheira em prédio no Rosarinho foi preso na sexta-feira e está no Cotel

Publicação: 22/07/2017 03:00

Depois de ter prendido o empresário Wilson Campos de Almeida Neto, 41 anos, suspeito de matar a diretora financeira Gisely Kelly, 37, com um tiro na cabeça em um dos apartamentos do prédio Praça do Rosarinho Prince, na madrugada de quarta-feira, a Polícia Civil informou que o principal desafio das investigações agora é identificar a motivação do crime. De acordo com as perícias realizadas no local, o tiro à queima-roupa não foi acidental, como diz a defesa.

Wilson foi preso às 11h40 da sexta-feira no apartamento da ex-mulher, no bairro do Espinheiro. Ele foi encontrado com a suposta arma do crime, um revólver calibre 38. Em depoimento, o empresário alegou amnésia alcóolica. Depois de ser ouvido, Wilson foi encaminhado ao Cotel, em Abreu e Lima. “O suspeito disse que lembra de ter ido a um bar com dois casais de amigos comemorar o aniversário de Gisely e que eles ingeriram muita bebida. Ele alega que não lembra de mais nada, nem de como saiu do estabelecimento, no bairro da Encruzilhada”, disse o delegado que investiga o caso, Breno Maia.

A prisão temporária - que tem validade de 30 dias - do suspeito por homicídio triplmente qualificado (motivo fútil, sem chance de defesa da vítima e feminicídio) já havia sido concedida pela Justiça desde o fim da tarde da quinta-feira. A polícia adiantou que o inquérito vai mostrar que a alegação de amnésia alcóolica é refutável. Imagens das câmeras de segurança do prédio onde o crime aconteceu mostram o suspeito chegando de carro com a vítima. Ele manobra e estaciona o carro com precisão. Apesar de Gisely andar com dificuldade, apresentando sinais de embriaguez, Wilson caminha sem cambalear, segurando a companheira. “Outra questão que vai de encontro com a fala do empresário é o fato de ele ter tirado a arma de um cofre. Como ele lembrou a senha se estava com amnésia?”, pontuou o chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle.

Os celulares do empresário e da vítima, que estavam com ele, foram apreendidos. Os aparelhos telefônicos e o revólver vão passar por perícia. Segundo a polícia, a arma, que tem espaço para oito balas, foi encontrada ao lado de nove munições, sendo uma delas deflagrada, dentro de uma caixa preta. Wilson tinha o porte dessa e de outra arma, uma pistola, que, em maio, ele havia usado para atirar na garagem do prédio. O empresário já havia sido indiciado por causa do episódio que ocorreu há dois meses. “Temos informações de que o suspeito efetuava disparos de arma de fogo inclusive no ambiente de trabalho, mas isso ainda será investigado”, afirmou o delegado Breno Maia.

Wilson era dono de uma distribuidora de produtos de higiene. Gisely foi secretária dele, mas, há alguns meses, havia sido promovida a diretora financeira. Uma irmã e um irmão da vítima também trabalhavam na empresa.

Cronologia

0h47 - Wilson e Gisely Kelly chegam ao prédio em que morava, no bairro do Rosarinho, em uma BMW

0h56 - O casal desce o carro. Gisely apresenta sinais de embriaguez e anda cambaleando. Wilson caminha até o elevador segurando a mulher

1h03 - O empresário e a diretora financeira entram no elevador e sobem até o quarto andar

1h05 - Gisely volta sozinha para o elevador e aperta um botão. Antes de a porta fechar, Wilson chega e entra no elevador. Ele aperta outra tecla no painel

1h07 - Imagens mostram Gisely e Wilson em uma área comum do prédio. Eles voltam para o elevador e sobem. Wilson tenta abraçar Gisely, que se esquiva

1h36 - Descalço, segurando uma sacola e vestindo uma roupa diferente da que aparece nas outras imagens, Wilson usa o elevador para descer. Ele entra no carro e deixa o prédio sozinho