NOVO ENSINO MéDIO // UM SALTO PARA O FUTURO » O mercado muito além da universidade Preparar alunos para seguir no Ensino Superior e também no mundo do trabalho é foco do novo Ensino Médio , que aposta na formação para a vida

Publicação: 28/09/2017 03:00

Sete em cada dez alunos brasileiros cursam o Ensino Médio com o objetivo de se preparar para o vestibular, mas só um a cada dez correlaciona essa etapa ao preparo para a vida. Os dados da pesquisa Repensar o Ensino Médio, do Movimento Todos Pela Educação, expõem o que, para muitos especialistas, tem sido um dos erros básicos do Brasil quando o tema é fim da educação básica: condicionar o ensino ao ingresso na formação superior. Ao buscar a marcação do “x”, estudantes e professores acabam deixando de lado o interesse pelo aprendizado. O novo Ensino Médio se propõe ao desafio de reverter essa lógica.

O modelo de Ensino Médio atual do Brasil tem fundamentação na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Ao propor uma mudança na estrutura curricular para etapa final da educação básica, a nova legislação, conhecida como lei da reforma do ensino médio, pretender modernizar e qualificar essa etapa do ensino para que os alunos possam se preparar melhor e seguir tanto para o ensino superior como para o mundo do trabalho.

Um dos defensores do novo Ensino Médio, o presidente do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE), Marcos Magalhães, diz que a mudança permitirá ao jovem saber fazer escolhas. “O currículo atual é essencialmente cognitivo. Há outra dimensão no processo educativo, tão ou mais relevante, que é o desenvolvimento de competências socioemocionais. Saber trabalhar em equipe, ter determinação, própria visão, aprender a ouvir”, acrescenta. É o que também defende o diretor de Inovação e Articulação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves. “O aluno tem direito de fazer escolhas para se preparar para o futuro. A busca não é mais questão de disciplinas, mas de trabalhar em sala de aula de maneira diferente”, diz. Para ele, um dos desafios para o êxito do novo Ensino Médio é investir em infraestrutura, como na internet das escolas.

As mudanças propostas pela Lei ainda vão demorar um pouco para chegar à sala de aula. Isso porque a nova estrutura depende da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para ser colocada em prática. Em processo de elaboração pelo Ministério da Educação, a BNCC deve ser apresentada ao Conselho Nacional de Educação (CNE) ainda este ano e homologada ano que vem, quando passa a ser norma nacional. Depois de publicada a BNCC, as instituições educacionais, sejam elas públicas ou privadas, terão que estabelecer um cronograma para implantação da nova estrutura curricular que prevê uma parte comum e obrigatória para todos os alunos - com as competências e os conhecimentos definidos pela Base Nacional Comum Curricular - e outra parte flexível que oferece itinerários formativos nas áreas de conhecimento ou formação técnica profissional. Feito isso, as mudanças devem entrar em vigor a partir de 2019.

Para o diretor de Políticas Públicas do Todos pela Educação, Olavo Nogueira, o novo Ensino Médio acerta ao ampliar o tempo de permanência na escola e em tornar o itinerário de aprendizagem mais flexível. “Há ainda um caminho longo a percorrer, em educação básica como um todo, na estrutura de atuação na gestão da escola”, pontua.

Entenda

2º pilar da educação

É preciso estimular o aprendizado e a colocação em prática dos conhecimentos. O novo contexto das profissões pede pessoas que saibam enfrentar os riscos, saibam resolver conflitos e trabalhar em equipe. O aprendizado deve ser sempre atualizado de acordo com o desenvolvimento industrial em curso.

Raio x do ensino médio em Pernambuco
  • 1.139 escolas = 4% do total do Brasil
  • 797 delas são estaduais
Quantos alunos são
361,8 mil

Onde estão os alunos
  • 314 mil alunos na rede estadual
  • 49 mil na rede privada
1º ano:
135,2 mil estudantes = 4,2% do total do Brasil

2º ano:
110,8 mil estudantes = 4,3% do total do Brasil

3º ano:
101,8 mil estudantes = 4,4% do total do Brasil

4º ano:
3 mil estudantes = 4,3% do total do Brasil

Não seriados
10,8 mil estudantes = 26,7% do total do Brasil

5 Atributos mais relevantes na escola
  1. Segurança
  2. Atenção às pessoas com deficiência
  3. Professores sempre presentes
  4. Boa infraestrutura
  5. Funcionários bem educados
O querem e pensam os jovens do Ensino Médio 

Motivação para cursar o Ensino Médio

  • 70% dos estudantes de escola pública dizem que é se preparar para o vestibular
  • 87% dos estudantes de escola privada dizem que é se preparar para o vestibular
O que esperam dos professores
  • 80,9% esperam paixão pela profissão
  • 79,5% esperam a não desistência do aluno
  • 79,3% esperam que seja exigido comprometimento do aluno
  • 78,6% esperam foco na preparação para o vestibular
  • 77,6% esperam estímulo à curiosidade
5 Principais dificuldades para concluir os estudos
  1. Financeira
  2. Conciliação entre estudos e trabalho
  3. Interesse e dedicação
  4. Localização
  5. Limitações para acomapanhar o conteúdo didático
Fonte: Repensar o Ensino Médio - o que querem os jovens? (Todos pela Educação) e Secretaria de Educação de Pernambuco