Modelo é o mais utilizado no país
Robinson 44 também está envolvido em 27% dos acidentes com helicópteros no Brasil. Aeronave é usada em transmissões por TVs de todo o mundo
Publicação: 24/01/2018 03:00
Muito usado para transmissões de televisão em todo o mundo, o Robinson 44 é o modelo de helicóptero mais popular do Brasil, com 327 unidades registradas até 2016. Ele também responde por quase um terço dos acidentes envolvendo esse tipo de aeronave no país nos últimos 10 anos. Desde 2008, foram 56 acidentes e 22 mortes com o modelo, 27% do total, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Dentre ocorrências com o R44 no Brasil, a maioria aconteceu por perda de controle em voo e, em segundo lugar, por colisão em voo com obstáculos.
Embora hipóteses tenham sido levantadas por populares, com o choque com uma ave, a causa do acidente ainda permanece em aberto. Dentre acidentes e incidentes envolvendo o R44 no Brasil, na última década, a maioria deles aconteceu por perda de controle em voo e, em segundo lugar, por colisão em voo com obstáculos. O dono da Helisae Helicópteros do Nordeste, responsável pelo equipamento, Wagner Monteiro, procura explicações. “Eu soube que a aeronave caiu rodopiando e somente uma causa externa poderia causar algo tão grave. Não acredito em defeito, pois há vistoria a cada 50 horas de voo. Quando há um problema, a aeronave avisa e o piloto tentaria alguma ação de emergência, mas não houve tempo”, contou.
Durante todo o dia de ontem, peças foram retiradas do mar para ajudar nas investigações. Investigadores do Seripa informaram que o rotor de cauda estava partido e será apurado se há alguma relação disso com a causa do acidente. Não havia sinais de explosão na aeronave nem queimadura nas vítimas, afirmou o Corpo de Bombeiros.
Imagens de circuitos de câmeras e depoimentos de testemunhas ajudarão a reconstituir a queda, já que o helicóptero não tem caixa preta. Quem tiver registros em foto e vídeo pode levar o material até a sede da PF, no Cais do Apolo “É muito incipiente falar sobre qualquer causa. Estamos colhendo todos os elementos para ao final chegar a uma conclusão”, esclareceu o delegado da PF Dário Sá Leitão, que esteve no local junto com um perito.
O material recolhido foi levado ao hangar, onde será lacrado e passará por perícia na Base Aérea da Aeronáutica. A investigação do Seripa II tem finalidade de prevenir novos acidentes com as mesmas características. Um relatório deverá ser apresentado em até 30 dias. Já o prazo do inquérito da PF é de 90 dias e tem finalidade criminal. A investigação conduzida pela Polícia Civil, na Delegacia de Boa Viagem, aguarda posição do Ministério Público para ser repassada à instância federal.
O helicóptero de matrícula PP-HLI, do tipo Newscopter, era uma das duas aeronaves de propriedade da empresa Helisae Helicópteros do Nordeste, que também tinha outro veículo aéreo terceirizado. O modelo envolvido na queda, fabricado em 2003, é próprio para filmagens aéreas e levava uma câmera instalada na parte frontal, com capacidade de filmar em full HD e captar imagens com estabilidade. A empresa mantém ainda um giro estabilizador portátil, equipamento que pode ser instalado na lateral para evitar que trepidações no momento do voo sejam absorvidas pela câmera.
O helicóptero tinha passado por inspeção havia uma semana. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou, como divulgado pelos proprietários da empresa, que os documentos da aeronave estavam todos em dia. O Certificado de Aeronavegabilidade (CA) estava válido até 16 de janeiro de 2023. Já a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) estava válida até 17 de janeiro de 2019. A Anac aguarda o relatório do acidente para confirmar as informações sobre o piloto.
A Helisae nunca havia registrado, em serviço, nenhuma ocorrência semelhante. Em seu site, a empresa afirma fazer serviços de captação de imagens aéreas, aerofotografia, aerofilmagem, aeroinspeção, aeroreportagem e aeropublicidade, desde 2005.
Entenda
Ficha técnica da aeronave
Robinson R44/Newscopter
Linha do tempo - Desastres aéreos em Pernambuco:
1961
1º de novembro - Desastre do Voo da Amizade. O Douglas DC-7 da Panair do Brasil, prefixo PP-PDO, que saiu de Lisboa para o Recife, colidiu com a copa de uma árvore a 2,7 km da cabeceira da pista do Aeroporto do Recife e caiu, incendiando em seguida. Dos 88 passageiros e tripulantes, 45 morreram.
1987
14 de dezembro - Um Hércules C-130 da FAB (Força Aérea Brasileira) decolou do Recife e, uma hora depois, caiu no mar, a 15 km de Fernando de Noronha. As 29 pessoas que estavam a bordo morreram. A perícia técnica apontou como causas o mau tempo e uma carga mal acondicionada na aeronave.
1990
20 de setembro - Os moradores de Fernando de Noronha foram testemunhas de outro acidente aéreo. Três minutos após decolar, o EMB 110 Bandeirante, prefixo PT-FAW, do governo de Pernambuco, caiu no mar. Do arquipélago, parentes das vítimas acompanharam as buscas, mas não houve sobreviventes.
1991
11 de novembro - A turbina de um Bandeirante da Nordeste Linhas Aéreas pegou fogo na decolagem. O piloto conseguiu desviar do conjunto residencial onde moravam mais de mil famílias, mas bateu em várias árvores, até cair no meio em uma praça no bairro do Ipsep. Dezessete pessoas morreram.
1996
17 de novembro - Um choque no ar entre aviões foi a causa da queda de um Bandeirantes da FAB, em São Caetano, a 151 km de Recife. Nove militares morreram no acidente. Destroços do avião, que não tinha caixa-preta, foram encontrados num raio de 200 metros.
2002
29 de setembro - Um bimotor Sêneca caiu em Arcorverde, Sertão do estado, em uma área residencial. Antes da queda, o avião derrubou uma árvore e bateu de bico no muro da Escola Estadual Noé Ferraz. Depois da queda o avião explodiu. Seis pessoas ficaram feridas. Ninguém morreu.
2007
16 de fevereiro - O piloto alemão Frank Hettlich morreu em um acidente com o avião bimotor Sêneca, prefixo D-GOMM, que pilotava e que caiu a cerca de 70 km do arquipélago de Fernando de Noronha. Ele viajava sozinho. O piloto saiu de Natal com destino a Dakar, no Senegal, África.
2008
23 de novembro - Um bimotor modelo King Air B-200 OSR, com 10 pesoas a bordo, caiu em San Martin, no Recife, a 5 km do aeroporto. A causa do acidente teria sido uma pane seca, pois o avião não explodiu. A aeronave pertencia a uma empresa de Joelma e Chimbinha, que formavam a Banda Calypso na época. O piloto e um produtor da banda paraense morreram.
2011
13 de julho - Um avião da Noar Linhas Aéreas, que fazia o voo 4896, caiu em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A queda do bimotor da companhia aérea regional aconteceu três minutos depois de decolar do Aeroporto Internacional dos Guararapes. Todas as 16 pessoas a bordo morreram.
Embora hipóteses tenham sido levantadas por populares, com o choque com uma ave, a causa do acidente ainda permanece em aberto. Dentre acidentes e incidentes envolvendo o R44 no Brasil, na última década, a maioria deles aconteceu por perda de controle em voo e, em segundo lugar, por colisão em voo com obstáculos. O dono da Helisae Helicópteros do Nordeste, responsável pelo equipamento, Wagner Monteiro, procura explicações. “Eu soube que a aeronave caiu rodopiando e somente uma causa externa poderia causar algo tão grave. Não acredito em defeito, pois há vistoria a cada 50 horas de voo. Quando há um problema, a aeronave avisa e o piloto tentaria alguma ação de emergência, mas não houve tempo”, contou.
Durante todo o dia de ontem, peças foram retiradas do mar para ajudar nas investigações. Investigadores do Seripa informaram que o rotor de cauda estava partido e será apurado se há alguma relação disso com a causa do acidente. Não havia sinais de explosão na aeronave nem queimadura nas vítimas, afirmou o Corpo de Bombeiros.
Imagens de circuitos de câmeras e depoimentos de testemunhas ajudarão a reconstituir a queda, já que o helicóptero não tem caixa preta. Quem tiver registros em foto e vídeo pode levar o material até a sede da PF, no Cais do Apolo “É muito incipiente falar sobre qualquer causa. Estamos colhendo todos os elementos para ao final chegar a uma conclusão”, esclareceu o delegado da PF Dário Sá Leitão, que esteve no local junto com um perito.
O material recolhido foi levado ao hangar, onde será lacrado e passará por perícia na Base Aérea da Aeronáutica. A investigação do Seripa II tem finalidade de prevenir novos acidentes com as mesmas características. Um relatório deverá ser apresentado em até 30 dias. Já o prazo do inquérito da PF é de 90 dias e tem finalidade criminal. A investigação conduzida pela Polícia Civil, na Delegacia de Boa Viagem, aguarda posição do Ministério Público para ser repassada à instância federal.
O helicóptero de matrícula PP-HLI, do tipo Newscopter, era uma das duas aeronaves de propriedade da empresa Helisae Helicópteros do Nordeste, que também tinha outro veículo aéreo terceirizado. O modelo envolvido na queda, fabricado em 2003, é próprio para filmagens aéreas e levava uma câmera instalada na parte frontal, com capacidade de filmar em full HD e captar imagens com estabilidade. A empresa mantém ainda um giro estabilizador portátil, equipamento que pode ser instalado na lateral para evitar que trepidações no momento do voo sejam absorvidas pela câmera.
O helicóptero tinha passado por inspeção havia uma semana. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou, como divulgado pelos proprietários da empresa, que os documentos da aeronave estavam todos em dia. O Certificado de Aeronavegabilidade (CA) estava válido até 16 de janeiro de 2023. Já a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) estava válida até 17 de janeiro de 2019. A Anac aguarda o relatório do acidente para confirmar as informações sobre o piloto.
A Helisae nunca havia registrado, em serviço, nenhuma ocorrência semelhante. Em seu site, a empresa afirma fazer serviços de captação de imagens aéreas, aerofotografia, aerofilmagem, aeroinspeção, aeroreportagem e aeropublicidade, desde 2005.
Entenda
Ficha técnica da aeronave
Robinson R44/Newscopter
- Velocidade de cruzeiro: 215 km/h
- Velocidade máxima: 240 km/h
- Autonomia: 3h20
- Alcance: 555 km
- Capacidade de combustível: 176 litros
- Capacidade: 2 passageiros + piloto
- Comprimento: 9 metros
- Envergadura: 10 metros
- Preço: pode chegar a até R$ 1,1 milhão (seminovo)
- Peso (vazio): 657,7kg
Linha do tempo - Desastres aéreos em Pernambuco:
1961
1º de novembro - Desastre do Voo da Amizade. O Douglas DC-7 da Panair do Brasil, prefixo PP-PDO, que saiu de Lisboa para o Recife, colidiu com a copa de uma árvore a 2,7 km da cabeceira da pista do Aeroporto do Recife e caiu, incendiando em seguida. Dos 88 passageiros e tripulantes, 45 morreram.
1987
14 de dezembro - Um Hércules C-130 da FAB (Força Aérea Brasileira) decolou do Recife e, uma hora depois, caiu no mar, a 15 km de Fernando de Noronha. As 29 pessoas que estavam a bordo morreram. A perícia técnica apontou como causas o mau tempo e uma carga mal acondicionada na aeronave.
1990
20 de setembro - Os moradores de Fernando de Noronha foram testemunhas de outro acidente aéreo. Três minutos após decolar, o EMB 110 Bandeirante, prefixo PT-FAW, do governo de Pernambuco, caiu no mar. Do arquipélago, parentes das vítimas acompanharam as buscas, mas não houve sobreviventes.
1991
11 de novembro - A turbina de um Bandeirante da Nordeste Linhas Aéreas pegou fogo na decolagem. O piloto conseguiu desviar do conjunto residencial onde moravam mais de mil famílias, mas bateu em várias árvores, até cair no meio em uma praça no bairro do Ipsep. Dezessete pessoas morreram.
1996
17 de novembro - Um choque no ar entre aviões foi a causa da queda de um Bandeirantes da FAB, em São Caetano, a 151 km de Recife. Nove militares morreram no acidente. Destroços do avião, que não tinha caixa-preta, foram encontrados num raio de 200 metros.
2002
29 de setembro - Um bimotor Sêneca caiu em Arcorverde, Sertão do estado, em uma área residencial. Antes da queda, o avião derrubou uma árvore e bateu de bico no muro da Escola Estadual Noé Ferraz. Depois da queda o avião explodiu. Seis pessoas ficaram feridas. Ninguém morreu.
2007
16 de fevereiro - O piloto alemão Frank Hettlich morreu em um acidente com o avião bimotor Sêneca, prefixo D-GOMM, que pilotava e que caiu a cerca de 70 km do arquipélago de Fernando de Noronha. Ele viajava sozinho. O piloto saiu de Natal com destino a Dakar, no Senegal, África.
2008
23 de novembro - Um bimotor modelo King Air B-200 OSR, com 10 pesoas a bordo, caiu em San Martin, no Recife, a 5 km do aeroporto. A causa do acidente teria sido uma pane seca, pois o avião não explodiu. A aeronave pertencia a uma empresa de Joelma e Chimbinha, que formavam a Banda Calypso na época. O piloto e um produtor da banda paraense morreram.
2011
13 de julho - Um avião da Noar Linhas Aéreas, que fazia o voo 4896, caiu em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A queda do bimotor da companhia aérea regional aconteceu três minutos depois de decolar do Aeroporto Internacional dos Guararapes. Todas as 16 pessoas a bordo morreram.