Um bairro que era endereço da elite

Publicação: 05/06/2018 03:00

Uma das premissas dos corredores de transporte é o adensamento populacional. Foi assim, por exemplo, em Curitiba. Os corredores de BRT foram bastante adensados, uma vez que a oferta de transporte é um dos maiores atrativos. Na região próxima à Avenida Caxangá, o que prevaleceu nas últimas décadas foi o setor de comércio e de serviços. As residências são mais interiorizadas nas vias transversais à avenida. Mas é um cenário que começa a mudar. O Diario constatou a construção de prédios residenciais de até 20 andares em vários trechos da avenida.

O arquiteto Geraldo Santana lembra que nem sempre o setor de serviços prevaleceu na Caxangá. O bairro já teve seu período de residências nobres. “O bairro Caxangá era chique e voltado para quem tinha um poder aquisitivo mais alto, a exemplo de Apipucos. Eram terras de engenhos que foram loteadas. Hoje ainda há o Caxangá Golf & Country Club, mas dificilmente a Caxangá voltará a ser endereço da elite.”

O aposentado José Aguiar, 66 anos, se mudou para o bairro em 2004. Ele mora em uma das vias transversais e elogia a facilidade no transporte público. “O acesso é bem fácil. Passa ônibus aqui para qualquer lugar da cidade. A vantagem de não morar na avenida é que tem menos barulho de trânsito”, afirmou.

Ao longo da avenida há uma grande diversidade de comércio. Em alguns trechos prevalece a venda de carros novos e usados, uma espécie de nicho, que teve início na Rua José Osório, que dá acesso à Caxangá. Mas há também supermercados, bancos, escolas, igrejas, dois hospitais, o Barão de Lucena e o Getúlio Vargas, que fica no cruzamento da Caxangá com a Avenida San Martin. E muitas farmácias. Há ainda muitas lojas que fecharam as portas, a maioria nas imediações do elevado Bom Pastor.

Mas há também novos negócios sendo abertos. Em um deles, o Diario encontrou o engenheiro Patrick Fillus, 41 anos, um paulista, que foi contratado para montar a estrutura de uma nova farmácia. “ É muito grande o volume público que passa na via.”