Fogos juninos deixam rastro de feridos Tanto no Hospital da Restauração quanto na Fundação Altino Ventura, o número de vítimas chamou a atenção. Maioria é de crianças

LARISSA AGUIAR
NICOLLE GOMES

Publicação: 26/06/2025 03:00

Os médicos alertam para o perigo da manipulação dos fogos por parte das crianças (MARINA TORRES/DP FOTO)
Os médicos alertam para o perigo da manipulação dos fogos por parte das crianças


Desde o dia 8 deste mês, o atendimento de emergência da Fundação Altino Ventura (FAV), na unidade localizada no bairro da Boa Vista, no Recife, já atendeu 10 pacientes com lesões oculares causadas por fogos e fogueiras, sendo sete crianças, um adolescente e dois adultos. As ocorrências preocupam os profissionais da saúde ocular, que reforçam a necessidade de vigilância constante, sobretudo no caso de menores de idade. As crianças continuam sendo as principais vítimas desse tipo de acidente, muitas vezes por falta de supervisão e manuseio inadequado dos fogos.

Entre os quadros clínicos mais comuns, estão queimaduras, perfurações e traumas graves nos olhos, lesões que, segundo os especialistas, podem levar à perda permanente da visão. O médico oftalmologista Vasco Bravo, da equipe de emergência da Fundação, explica que os fogos de artifício podem causar ferimentos severos a depender da proximidade e da potência da explosão.

“Você pode ter desde uma queimadura leve, por conta de faíscas, até uma perfuração ocular grave, que pode exigir cirurgia de urgência”, destaca o profissional. “Um erro comum, por exemplo, é se aproximar de um fogo que falhou achando que está inativo — e ele pode explodir inesperadamente, atingindo o rosto ou os olhos”.

O médico reforça que o uso de fogos deve ser evitado por quem estiver sob efeito de álcool. “A ingestão de bebidas afeta o reflexo e o discernimento. Assim como não se deve dirigir alcoolizado, também não se deve manipular artefatos explosivos após beber”, completa Bravo. Segundo ele, até mesmo os fogos considerados simples, como as “estrelinhas” e as tradicionais “traques de massa”, podem oferecer perigo.

QUEIMADOS
Já o número de pessoas que procuram a unidade de queimados do Hospital da Restauração continua a crescer. Entre terça-feira (24) e ontem, mais sete menores deram entrada no HR. O número foi registrado em meio à situação de alerta de lotação de leitos para queimados. Outros seis adultos deram entrada na unidade no mesmo período.

Segundo o HR, do dia 10 de junho até ontem, 41 pessoas foram atendidas. Do total geral, 18 foram adultos e 23 crianças. O chefe da unidade, Marcos Barretto, reforçou a preocupação com os menores de idade.  “Crianças são as maiores vítimas este ano. Peço que as pessoas tenham mais atenção e cuidado com menores usando fogos e brincando em fogueira”, ressaltou Barreto.