DIARIO NOS BAIRROS » Antigo Aeroclube está num limbo urbanístico Prefeitura quer diversificar uso do terreno com habitação, sustentabilidade e prestação de serviço

Publicação: 13/07/2018 03:00

Cinco anos depois de ser fechada em função das obras da Via Mangue, a área de 21 hectares antes ocupada pelo Aeroclube de Pernambuco, na Bacia do Pina, permanece num limbo em relação à sua função social. Muitas são as ideias para encontrar um uso para o espaço de tamanho equivalente ao de 21 campos de futebol, mas poucas são as definições sobre o que fazer na privilegiada área em meio ao parque dos manguezais, às margens de um braço do Rio Capibaribe. O lugar, que já foi cenário da formação de milhares de pilotos e palco de eventos célebres do passado pernambucano, hoje é um grande matagal.

Fechada em março de 2013, a área vem sendo utilizada  pelo Grupamento Tático Operacional (GTO) da Guarda Municipal, que utiliza os galpões nas proximidades da bifurcação que divide as ruas Tomé Gibson e Elias Gomes, o restante da estrutura deixada pelo aeroclube está sucumbindo ao tempo. A pista de 800 metros, que já foi usada para a realização de 50 pousos e decolagens por dia, hoje serve, de maneira informal, para aulas de pilotagem de autoescolas. A maior parte dos muros que cercava a propriedade já não existe também.

“Acabou ficando esquisito para a gente transitar neste local, pois vêm pessoas vender drogas e se esconder para assaltar. Passamos a andar com medo aqui na rua”, reclamou a operadora de caixa Luciana Silva, 40 anos, moradora do entorno. Ela e outros habitantes das ruas laterais do terreno defendem a construção de um parque na área. “Teria um espaço para as crianças brincarem e também para fazer eventos”, defende a doméstica Gilvanete Avelino, 38, referindo-se às antigas apresentações de aeromodelismo e paraquedismo realizadas no passado.

Há cerca de um ano, o vereador Wanderson Florêncio chegou a lançar o movimento #PeloParqueBV, defendendo a construção desse tipo de equipamento no local. O terreno tem três vezes o tamanho do Parque da Jaqueira. Porém, movimentos sociais e outros vereadores defendem que o espaço seja usado de acordo com o estabelecido durante campanha pelo prefeito Geraldo Julio. Isto é, dentro de um projeto de reurbanização que contempla também a construção de conjuntos habitacionais para famílias que vivem em condições precárias na Comunidade do Bode.

Em maio deste ano, o tema foi alvo de audiência na Câmara dos Vereadores, mas não houve consenso ou definição sobre o que fazer na localidade. “A nossa reivindicação é a urbanização do Bode, acabando com as palafitas, fazendo saneamento, pavimentação, drenagem, os habitacionais e também o parque. Existem mil pessoas vivendo em palafitas”, explicou integrante do Movimento Habitacional Aeroclube Pina e especialista em gestão pública Felipe Cury.

“Tínhamos uma audiência no clube Banhistas do Pina, que foi adiada em função da greve dos caminhoneiros. Em agosto, voltaremos a discutir o tema. De fato, só há um chamamento para a construção de 600 apartamentos pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Mas as pessoas que estão sem casa não têm condições de pagar mensalidade de apartamento”, disse a vereadora Ana Lúcia (PRB).

A proposta do habitacional não é unanimidade entre todos os moradores do entorno do terreno. “Para mim, poderia ser construída uma Upinha ou posto de saúde”, opinou a comerciante aposentada Luciene Almeida, 60.