DIARIO NOS BAIRROS » Trajetória foi além dos pousos e decolagens Aeroclube recebia exposições e foi cenário de acontecimentos como o retorno de Miguel Arraes, em 1979

Publicação: 13/07/2018 03:00

Em 15 de março de 2013, 73 anos de uma data simbólica para a aviação pernambucana, chegava ao fim um impasse que já levava anos no Recife. Em cumprimento a um mandado de reintegração de posse, o Aeroclube de Pernambuco retirava as aeronaves do pátio e encerrava provisoriamente a história da escola de aviação nos céus da capital. Fundado na década de 1930, o aeroclube funcionava na região do Pina desde 15 de março de 1940, com a missão de formar pilotos para comando de aviões, inclusive de guerra. Depois da retomada do terreno, para construção da Via Mangue, o órgão ficou sem sede e, ainda hoje, batalha por encontrar outra área ideal para voos na Região Metropolitana do Recife.

Antes de funcionar como aeroclube, aquela área já era utilizada pela aviação. Na década de 1920, o Recife entrou na rota do correio aéreo, operado pela aviação francesa e viu o Campo do Pina ser usado, em 7 de março de 1925, para receber as primeiras correspondências. O terreno só foi ocupado pelo aeroclube em 1940, quando iniciadas as obras do Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes/ Gilberto Freyre. “Sempre tivemos um papel de formação de pilotos em todas as categorias. Também funcionava por lá aeródromo, linhas de transporte aéreo não regulares, guarda de aeronaves e atividades desportivas”, contou o presidente do Aeroclube de Pernambuco, Alfredo Bandeira.

Em 1945, o aeroclube foi considerado o primeiro no Brasil, com 22 aviões para voo. A instituição conseguiu vencer a crise de 1969 a 1971, que levou ao fechamento de aeroclubes no Brasil inteiro, e, em 1972, já havia formado 1,5 mil pessoas. Tendo como um dos fundadores o jornalista Assis Chateaubriand, a instituição também participou da vida cultural da cidade, tendo abrigado inclusive um cinema ao ar livre.

Foi lá que o ex-governador Miguel Arraes aterrissou após o regresso do exílio, em 15 de setembro de 1979, e também onde o cantor Roberto Carlos costumava pousar quando vinha fazer shows na região. Antes de ter as atividades encerradas no Pina, o aeroclube costumava receber 50 pousos e decolagens por dia. Atualmente, a instituição mantém um hangar em Igarassu e está uma sala alugada na Boa Vista, onde segue dando aulas de formação.

História

O Aeroclube nas páginas do Diario

Estatuto
O Diario anunciava, no dia 20 de março de 1940, a assembleia para definir o estatuto do aeroclube de Pernambuco. A reportagem dizia que o espaço teria como função formar pilotos e técnicos.

Primeiras turmas

O Aeroclube se preparava para brevetar os primeiros aviadores do estado. A notícia foi veiculada em 22 de outubro de 1941.

Mudança
Em 22 de outubro de 1943, depois de funcionar provisoriamente no automóvel clube e ocupar a área onde hoje funciona o aeroporto, o Diario anunciava que o Aeroclube iria se mudar para o campo Encanta Moça, na Bacia do Pina.

Revoadas
Em função da Semana da Asa, o Aeroclube costumava realizar excursões com destino a outras capitais do Nordeste. Em uma das vezes, em outubro de 1944, os destinos eram Maceió, Aracaju e Arapiraca.

Eventos
O Aeroclube também era conhecido pelos eventos abertos, competições de aeromodelismo e saltos de paraquedas que realizava, como anunciado no jornal de 20 de outubro de 1962.

Ajuda
Na cheia de 1966, o Aeroclube disponibilizou todas as aeronaves para ajudar as vítimas, ajudando os socorros emergenciais. Também forma disponibilizados aviões para que a imprensa pudesse sobrevoar as áreas afetadas, história contada pelo Diario em 17 de junho de 1966.

Cinema
Durante a década de 1980, funcionava um cinema ao ar livre no Aeroclube. A programação costumava ser divulgada pelo jornal. Em janeiro de 1980, os filmes em cartaz eram Carga em perigo e As aventuras no Reino da Fantasia.