Depois de três anos sem incidentes com tubarões, as praias da Região Metropolitana do Recife voltaram a ter ataques em 2018. As recentes ocorrências, registradas em abril e junho deste ano, acenderam um alerta na população e no poder público. A ação imediata foi intensificar a fiscalização na orla. Diante do risco de voltar a ver as estatísticas crescerem, novas medidas de médio e longo prazo estão sendo estudadas. Uma das ideias é investir na infraestrutura dos pontos mais críticos, como o Segundo Jardim e a área em frente ao Acaiaca, em Boa Viagem, para criar balneários com chuveirões e atrativos que inibam o interesse dos banhistas pelo mar.

Duas frentes de ação estão sendo pensadas pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), que tem nova presidência a partir deste mês. Os balneários estão sendo estudados como medidas de prevenção. A ideia é convocar as prefeituras para estudar como incrementar a faixa de areia em frente aos pontos onde já ocorreram mais incidentes desde 1992, dos quais um fica em Jaboatão dos Guararapes e os outros três em Boa Viagem: o Acaiaca, o Segundo Jardim e as imediações do edifício Castelinho.

“A ideia é introduzir banheiros, opções de chuveirões e outros atrativos, para evitar que as pessoas entrem no mar em horários críticos, como ocorreu nos últimos dois incidentes”, explicou o coronel Valdy Oliveira, novo presidente do Cemit. A curto prazo, também será feita uma revisão do protocolo de atendimento às vítimas, com reciclagem dos profissionais de saúde que lidam diretamente com os casos. No próximo dia 23, ocorrerá uma reunião com médicos, peritos, representantes do Samu, do Hospital da Restauração (HR), Corpo de Bombeiros e Hospital da Aeronáutica.

Por outro lado, o Cemit pretende fomentar a construção de um oceanário em Pernambuco, como os que existem no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte. “Com isso, faremos um trabalho de educação para que a população possa conhecer as diversas espécies de tubarão, saber como eles se comportam. Entender a fauna e a flora da nossa costa”, detalhou Valdy Oliveira.

Representantes do comitê já visitaram o aquário de Natal e pretendem, até o fim do ano, ter um projeto pronto para apresentar ao poder público e à iniciativa privada. “Estamos estudando quanto isso custaria, em que local poderia ser construído, para depois fazer parcerias”, detalhou o coronel. Essa, por enquanto, ainda é uma proposta de longo prazo. Enquanto isso, serão intensificadas as palestras realizadas em escolas e centros comunitários.

Fiscalização
Em junho, depois do ataque que resultou na morte de José Ernesto Ferreira da Silva, 18 anos, o Corpo de Bombeiros aumentou o efetivo responsável por atuar como guarda-vidas nas praias da RMR. Dois postos de observação desativados, no Pina e em Boa Viagem, voltaram a funcionar. “Aquele momento coincidiu com o término dos cursos de soldados e recebemos o incremento de 26 militares. Como alguns serão deslocados para o interior, ficaremos com cerca de 12”, explicou o comandante do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMAR), André Ferraz.     

Os Bombeiros estão atuando em 15 pontos, com um total de 30 guarda-vidas e suporte total de 150 militares. Entre Boa Viagem e Pina, funcionam sete em dias úteis e nove nos fins de semana e feriados. “A nossa meta é articular com as prefeituras para trabalhar de forma integrada com a gente, já que praia é um local de ordenamento público. Antigamente, havia esse convênio, mas com o passar do tempo ficamos sozinhos”, lamenta Ferraz.