Comércio sairá para ampliar pátio de eventos em Garanhuns
Trabalhadores ficaram sabendo pelas redes sociais do prefeito, Sivaldo Albino (PSB), que precisariam deixar postos de trabalho em área central de Garanhuns
Marília Parente
Publicação: 23/07/2025 03:00
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Comerciantes não ainda têm perspectivas sobre indenização e novo local de trabalho |
Profissionais que trabalham há décadas em lojas localizadas no Hotel Shalom, em Garanhuns, podem perder seus postos de trabalho. No dia 26 de junho, eles descobriram, em uma postagem nas redes sociais do prefeito Sivaldo Albino (PSB), que a prefeitura publicou um decreto para desapropriar o local, com o objetivo de ampliar o Pátio de Eventos Mestre Dominguinhos, principal pólo do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG).
A chaveira Ivanice de Moura Silva, que também conserta panelas de pressão em uma loja comprada no edifício, diz que tem sofrido com dificuldades para dormir e se alimentar desde o anúncio do prefeito. “Criei meus dois filhos com o trabalho que faço aqui. Depois de tanto tempo prestando serviço aqui, a gente é despejado, sem saber de indenização, sem conversa, como se a gente não fosse nada”, comenta.
No prédio em questão, funcionou a antiga Rodoviária de Garanhuns, até o ano de 1970. Alguns dos lojistas que trabalham no local informam que já eram detentores de títulos de compra e venda dos espaços antes da aquisição dos pavimentos superiores pelos atuais proprietários do Hotel Shalom.
“Antes eles alugavam os pontos, depois compraram através de compra e venda. Em cima do imóvel, funciona o hotel, mas os proprietários dele nunca tiveram nenhum estabelecimento na parte inferior”, afirma a advogada Jéssica Melo, que representa 12 lojistas que atuam na edificação.
No dia 11 de julho, a prefeitura realizou o depósito judicial de R$ 2.670.729,51, correspondente à avaliação que realizou do imóvel. Trata-se da compensação patrimonial necessária para efetivar a desapropriação.
Enquanto os lojistas reivindicam indenizações pela desapropriação, o dinheiro segue depositado em uma conta judicial. “A gente pediu uma nova avaliação do imóvel, que seja feita pela Justiça e imparcial. Também estamos com prazo para contestação, justamente para provar a legitimidade dos comerciantes”, completa a advogada.
Por meio de nota, a Prefeitura de Garanhuns disse que o processo de desapropriação aconteceu “dentro da estrita legalidade”. Segundo a gestão, com a indenização dos antigos proprietários registrados em cartório, não cabe ao município “adentrar no debate daqueles em posse de pontos comerciais, cujo direito é privado”. Questionada acerca do detalhamento do projeto para a área, a prefeitura não revelou maiores informações. “Quanto à utilização do local pelo município, oportunamente a Prefeitura de Garanhuns apresentará a nova destinação e os projetos para a área”, concluiu.