DP+SOCIAL » Em Vitória, uma comunidade vira o jogo Criado em 2013, em resposta à violência que assombrava um bairro de Vitória de Santo Antão, o Gapes tem mudado a realidade todo dia

LARISSA AGUIAR

Publicação: 16/07/2025 03:00

O GAPES realiza uma série de ações voltadas, principalmente, para os mais jovens (DIVULGAÇÃO)
O GAPES realiza uma série de ações voltadas, principalmente, para os mais jovens

Fundada em 2013, a ONG GAPES, Grupo de Apoio a Pessoas em Situação de Vulnerabilidade Social, nasceu em resposta à violência que marcava o bairro de Mário Bezerra, em Vitória de Santo Antão. Mais do que uma entidade de apoio social, a GAPES se transformou em símbolo de resistência, acolhimento e transformação comunitária. Em mais de uma década de atuação, a instituição ampliou seu alcance, estruturou projetos de impacto e segue buscando expandir seu modelo para outros municípios pernambucanos.

“A gente criou a GAPES porque vivíamos uma realidade dura. Mário Bezerra era a segunda comunidade mais violenta de Vitória, segundo o 21º Batalhão (da Polícia Militar). Não dava mais para esperar. A gente precisava fazer alguma coisa por aquelas crianças, pelas famílias”, relembra Edson Domingos, presidente da ONG e um dos fundadores. Professor e ex-morador da comunidade, Edson vive de perto as dificuldades enfrentadas por seus vizinhos e também os resultados de cada iniciativa construída com esforço coletivo.

Com sede na Rua Santa Clara e uma unidade anexa no centro da cidade, o GAPES atua de forma multidisciplinar. Seus projetos aliam educação, arte, saúde, assistência social e qualificação profissional com foco no fortalecimento de direitos e na inclusão. A organização acredita no poder do protagonismo juvenil e da articulação comunitária para promover mudanças reais. 

Entre as iniciativas de maior impacto está a Cozinha Comunitária, que semanalmente oferece refeições nutritivas para famílias em situação de vulnerabilidade social. O projeto, em parceria com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), vai além do prato de comida. “A Cozinha Comunitária é mais do que alimentação. É um ponto de apoio, de escuta, de laços. É ali que muitos voltam a acreditar que podem sim viver com mais dignidade”, conta Edson. 

Outro projeto de destaque é o Unicrescer, aprovado pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco (CEDCA/PE), com execução prevista para seis meses. O projeto atende 200 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, oferecendo oficinas artísticas, culturais e educativas no contraturno escolar. Com investimento de R$ 100 mil, o Unicrescer combate diretamente as violações de direitos como violência sexual e trabalho infantil, ao mesmo tempo em que promove inclusão e cidadania.

Além dos projetos sociais, a ONG também investe em qualificação profissional, oferecendo cursos de barbearia, cabeleireiro, unhas em gel, entre outros, que preparam jovens e adultos para o mercado de trabalho e para processos seletivos simplificados dos governos estadual e municipal. A ideia é dar ferramentas para que cada beneficiário possa trilhar seu próprio caminho com mais autonomia e dignidade.