Notícia agita Brasília e paralisa a Câmara
Sessões e reuniões foram suspensas e volta antecipada de Temer repercutiu nas redes sociais
Publicação: 20/10/2016 03:00
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Plenário da Câmara começou a esvaziar logo após divulgação da prisão de Cunha |
A prisão e a possibilidade de o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) assinar acordo de delação premiada teve forte impacto sobre o mundo político, ontem, em Brasília. Apesar de as quartas-feiras serem os dias de maior movimentação e trabalho na Câmara dos Deputados, as votações e sessões sofreram uma paralisação à tarde. Coincidentemente, também ontem, o Planalto noticiou a volta antecipada do presidente Michel Temer (PMDB) do Japão, o que rendeu comentários nas redes sociais de que o retorno teria por objetivo abafar o que já chamam de “a crise Cunha”.
A notícia da prisão do ex-presidente da Casa chegou no momento em que o plenário tentava votar a conclusão do projeto que altera as regras de exploração do pré-sal. Houve um silêncio nos microfones, em um primeiro momento, mas a sessão logo foi tomada por manifestações de adversários de Cunha. Em silêncio, a base governista e aliados não deram quorum suficiente, apesar de a mudança do pré-sal ser uma das prioridades de Michel Temer (PMDB). O “cafezinho” anexo ao plenário, por outro lado, estava lotado de deputados assistindo às notícias dos desdobramentos da prisão. A sessão foi logo encerrada por falta da presença mínima dos deputados.
Reuniões de comissões também foram adiadas para a semana que vem, incluindo a que instalaria o colegiado que discutirá a reforma política. Pela manhã, líderes de bancadas governistas haviam acertado a instalação da comissão para esta quarta em reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), interinamente na Presidência da República.
Outra sessão cancelada por falta de deputados foi a que votaria, no Conselho de Ética, a continuidade ou não dos processos de cassação contra Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Jean Wyllys (PSol-RJ). Resultado: às 16h30 de uma quarta-feira, horário em que a Câmara deveria estar no auge ou iniciando o auge dos seus trabalhos, o clima era de esvaimento e dispersão.
Cunha foi um dos parlamentares mais influentes dos últimos anos e uma possível delação premiada sua é tratada nos bastidores como um dos maiores temores do mundo político em Brasília. Em sua gestão, ele contava com o apoio da grande maioria dos deputados. Desde que foi cassado com 450 votos de seus 512 colegas, em setembro, ele tem insinuado que contará o que sabe e que implicará integrantes do Congresso e do governo federal.
Silêncio
O entorno de Michel Temer não acredita que Eduardo Cunha tenha elementos para comprometer o presidente em uma eventual delação premiada, mas demonstra receio com a relação de proximidade do ex-presidente da Câmara com o núcleo duro do Planalto. Com a preocupação de uma retaliação de Cunha, a ordem no Palácio é que ministros evitem fazer comentários ou declarações públicas sobre a prisão do peemedebista. (Da redação com agências)