Os desafios de Dunga
Com uma geração
que não é brilhante
e a Seleção em
crise, novo técnico
precisa mostrar serviço rápido,
pois calendário
está apertado
João de Andrade Neto e
Pedro Galindo
esporte.pe@dabr.com.br
Publicação: 23/07/2014 03:00
Novo treinador da Seleção Brasileira chega com a missão principal de preparar a equipe para o Mundial de 2018, na Rússia |
Agenda cheia que já começa este ano, com quatro amistosos, três deles contra rivais sul-americanos. O primeiro, que marca a reestreia do treinador à frente da Seleção, será a reedição das quartas de final do último Mundial, contra a Colômbia, em Miami, em 5 de setembro. Quatro dias depois, em Nova Jersei, o Brasil encara o Equador. Em outubro, terá peça frente a Argentina, em Pequim, valendo taça. O Superclássico das Américas. E em novembro, será vez de encarar a Turquia, em amistoso, em Istambul.
Caso se segure até lá, Dunga terá o seu primeiro teste oficial na Copa América do Chile, em junho de 2015. No mês seguinte, a Fifa realizará o sorteio das eliminatórias da Copa da Rússia. Para inchar ainda mais o ciclo até o Mundial de 2018, será realizada em 2016, nos Estados Unidos, uma edição especial da Copa América para comemorar o centenário do torneio. A competição juntará seleções da Conmebol e da Concacaf.
Ontem, em sua primeira entrevista coletiva após o retorno, Dunga demonstrou saber bem os desafios que terá pela frente. “A minha primeira passagem foi pedida para resgatar o valor da Seleção, a camisa e obter resultados. A segunda passagem é preparar a Seleção para a Copa de 2018. No caminho, nós vamos ter uma Copa América e vamos encontrar seleções em ótima fase. Todas as seleções melhoraram muito”, reconheceu.
Vale lembrar que quando assumiu em 2006, Dunga conseguiu completar o ciclo até o Mundial da África do Sul, em 2010. Antes deles, Parreira, para a Copa de 2006, e Zagallo, antes da edição de 1998, também conseguiram.
O que ele terá pela frente
Em 2014
5 de setembro
Brasil x Colômbia
(Miami – EUA)
9 de setembro
Brasil x Equador
(Nova Jersey – EUA)
11 de outubro
Brasil x Argentina
(Pequim – China)
*Superclássico das Américas
12 de novembro
Brasil x Turquia
(Istambul – Turquia)
Técnico diz não sentir rejeição ao seu nome |
11 de junho a 4 de julho
Copa América do Chile
Julho
Sorteio das eliminatórias
Em 2016
3 a 26 de junho
Copa América dos EUA
3 a 19 de agosto
Jogos Olímpicos do Rio
O que Dunga disse
Volta à seleção
Chegar à Seleção é fantástico. E retornar é quase impossível. Mas na vida não tem nada impossível. Na vida, se você fizer o seu trabalho, as pessoas vão conhecer num momento ou outro. Vamos mostrar ao torcedor que queremos o melhor. Não vou vender um sonho, vou vender uma realidade. E a realidade precisa de trabalho. Já fomos os melhores e temos que resgatar essa capacidade. Temos talento para isso, mas não podemos deixar de ter a humildade de reconhecer que outras seleções fizeram um trabalho bom.
Rejeição
Não sinto essa tamanha rejeição que estão falando por onde eu passo. Mas cabe a nós mudarmos a opinião das pessoas. As pesquisas estão aí para serem derrubadas. Minha meta é mudar a maneira das pessoas pensarem a meu respeito. Nelson Mandela tinha tudo contra e conseguiu mudar a forma das pessoas de pensar com paciência. Espero que eu possa ter 1% da paciência dele. Eu não penso em mim, penso na Seleção Brasileira.
Relação com a imprensa
Não tive problema com a Globo, com A, B ou C. Tive, sim, atrito com várias pessoas. Combinado não é caro. As coisas precisam ser cumpridas. Talvez eu tenha levado muito na ponta da faca. Mas cumpri o combinado e não cumpriram comigo. Não vou mudar minha essência, que é de comprometimento, lealdade e transparência. As coisas precisam ser feitas, mas tudo conforme o planejado. Colocar no papel o espaço de cada um. Ninguém vai cercear o trabalho da imprensa, mas todos precisam entender que o objetivo maior é a Seleção. Todos precisam entender onde vai o direito e onde começa o direito dos demais. Se tiver essa compreensão de todos, vai dar certo. Mas preciso aprimorar meu relacionamento com a imprensa, o que é normal. Esse é meu mea culpa
Estilo de jogo
O que é futebol-arte? O goleiro fazer uma defesa é arte. O zagueiro interceptar uma bola também é. O futebol muda a cada instante, a cada dia. Todos falam em futebol ofensivo e pensam que é colocar quatro ou cinco atacantes. Mas as equipes marcam cinco, dez metros atrás da linha do meio de campo. O importante é chegar com quatro, cinco jogadores à frente. Tem que ter movimentações. Aquela história de que o craque não precisa participar do jogo cai por terra. Antigamente, você não via o goleiro participando tanto do jogo. Mas em 2014, nós vimos os arqueiros jogando quase como líberos.
Resgate da autoestima da seleção
A camisa brasileira é respeitada. É verdade que eles nos respeitam, mas eles querem ganhar de nós de qualquer forma. Temos que ser mais compactos, ter mais comprometimento. Temos que ter essa percepção e não achar que vamos ganhar a Copa antes de a Copa acontecer.
Saiba mais...
Gallo à frente em 2016