O difícil recomeço do Brasil-RS

Publicação: 05/12/2016 03:00

Passava das 23h do dia 15 de janeiro de 2009. Um ônibus de dois andares voltava com os jogadores do Brasil de Pelotas de um jogo-treino no Vale do Sol, diante do Santa Cruz-RS. O Xavante havia vencido a partida em 2 a 1, em mais um dia de preparação para o Estadual. Quando entrou na curva da RS-471 à BR-392, a 83 quilômetros do destino, veio a queda em um barranco de 40 metros. No meio da escuridão, as vítimas. Foram nove feridos graves e três mortos: Cláudio Milar, maior ídolo da torcida e com passagens em Náutico e Santa Cruz, o zagueiro Régis e o treinador de goleiros Giovani Guimarães.

A tragédia abalou o Xavante, mas a torcida esteve presente. “Costumo dizer que essa é uma torcida que tem um time, e não um time que tem uma torcida”, afirma o médico Tomás Recuero, de 29 anos. Ele, junto com outros aficionados, viveram de perto os piores dias do Brasil. “Corremos ao pronto socorro e fomos sabendo dos acontecimentos, da gravidade. A partir disso, fomos ao local do acidente. Ajudamos no recolhimento do material do clube e os pertences dos jogadores. Foi um momento muito trágico”, lembra.

Em seguida, Tomás, junto com outros torcedores, apressou-se para formar uma associação sem fins lucrativos. O grupo já costumava debater a trajetória do Brasil na internet e deu um passo importante. Treze dias após o fatídico acidente, a Cresce, Xavante! foi formalizada. Hoje com cerca de 35 integrantes, o grupo participou de forma ativa da fase crítica.

Em meio à essa trajetória dolorosa, a torcida ajudou na troca do alambrado do estádio Bento Freitas. Um ano após o acidente, viabilizou a doação de um novo ônibus para o clube. A Cresce, Xavante! hoje administra a loja oficial do Brasil. Segundo Tomás, atual presidente da entidade, de 30% a 40% do lucro é destinado ao time. O restante é usado para manter o negócio. “Até agora, ajudamos com algo em torno de R$ 1 milhão”, conta.