'Quero chorar o seu choro. Quero sorrir seu sorriso. Valeu por você existir, amigo!'

Ana Paula Santos
anapaula@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 05/12/2016 03:00

Amigos, bastante emocionados, conduziram o caixão do ex-atleta pernambucano Cléber Santana, de 35 anos (Igo Bione/DP)
Amigos, bastante emocionados, conduziram o caixão do ex-atleta pernambucano Cléber Santana, de 35 anos

Este trecho é da canção A Amizade, composta por Djama Falcão, Bicudo e Cleber Augusto, mas que ganhou fama na voz do Fundo de Quintal. Ela retrata bem a admiração dos amigos pelo ex-jogador Cléber Santana, morto no acidente aéreo da Chapecoense, na semana passada, na Colômbia. Ontem, no adeus a ele, pouco antes da cremação, no cemitério Morada da Paz, em Paulista, alguns presentes entram na capela entoando a canção que certamente alegria seu coração. Todos cantaram e choraram pela partida precoce do grande amigo, que costumava chamar os conhecidos por “moral”.

A orfandade não é só de Clebinho e Aroldinho, filhos do ex-atleta. É de uma legião de amigos e admiradores. A dor que arrasou dona Marinalva, mãe de Cléber, ao ponto dela ser levada pelos braços entre a sala de cerimônia e a cremação, estava sendo partilhada com todos os presentes. Vizinhos que viram o jogador crescer. Amigos dos tempos de categoria de base, no Sport, suas cunhadas, irmão e sua esposa, Rosângela Loureiro. A brusca tragédia interrompeu planos traçados por Cléber, de 35 anos, que estava muito feliz. “Ele disse que estaria aqui no próximo dia 18, para a gente brindar o título da Sul-Americana”, conta Cleibson Santana, único irmão de Cléber.

Mesmo não sendo nenhum garoto - tanto que na Chapecoense, os mais novos o chamavam carinhosamente de coroa -, Cléber Santana estava voando em campo. Era o capitão do time e tinha mais um ano de contrato, apesar de ter recebido proposta do Grêmio. “O presidente da Chapecoense disse que se o deixasse sair, a torcida não iria perdoá-lo”, revela Elton Victor, cunhado do meia. Elton, inclusive, foi o parente que se deslocou até Chapecó para prestar assistência à cunhada e aos sobrinhos. “Eu nunca vi tanta tristeza em minha vida. A cidade era uma comoção só”, acrescenta.

ENCONTRO
O comerciante Neilton Barbosa, 52, nem era torcedor do Sport. Seu coração é Santa Cruz, mas admirava a carreira do atleta pernambucano e foi ao crematório. Na semana que antecedeu o fatídico acidente, ele estava em Caetés III, tomando uma cerveja com o filho e alguns colegas. Eis que se junta ao grupo um jovem, que falava entusiasmado da partida entre Chapecoense e Atlético Nacional, da Colômbia. Era Cleibson, irmão de Cléber. “Eu só pensava nele. Fiquei sabendo que ele irmão de Cléber no dia do acidente. Meu filho me ligou e perguntou se eu estava lembrado de como ele falava feliz sobre o irmão. É revoltante ver gente de bem morrendo”, declarou Neilton.