A dor compartilhada de Torino e Man. United

Publicação: 05/12/2016 03:00

A primeira grande tragédia do futebol abalou o auge do Torino, da Itália. No dia 4 de maio de 1949, o esquadrão retornava de um amistoso com o Benfica, em Lisboa, Portugal. Por uma falha no altímetro, o piloto julgava estar em uma altitude maior quando colidiu contra a Basílica de Superga. Foram 31 vítimas fatais, sendo 18 atletas do time, à época tetracampeão nacional.

O Torino estava a caminho do quinto título. Faltavam apenas quatro jogos. Desse modo, a Federação Italiana, junto com os demais clubes, proclamou o time como campeão. Nas partidas restantes, estiveram em campo apenas jogadores da base. Em respeito, os rivais repetiram a escolha. A equipe grená venceu todos os confrontos.

A solidariedade ainda rompeu fronteiras e chegou ao Brasil. Um ano antes, o Torino, com seu elenco principal, esteve em São Paulo. Em passagem marcante para o esporte nacional na época, empatou os amistosos com Palmeiras e Portuguesa, venceu o São Paulo e perdeu para o Corinthians. Foi a derrota, contudo, que fez o time criar fortes laços com o país. Três dias depois da tragédia, o Timão enviou um telegrama ao Torino se oferecendo a disputar uma partida contra qualquer adversário e em qualquer local desejado com a renda destinada para o clube italiano.

Em seguida, o clube paulista disputou um amistoso com a Lusa vestindo a camisa do Torino. A renda foi doada para os familiares envolvidos na tragédia. A relação, aliás, ainda perdura. Em 2011, o terceiro uniforme do Corinthians veio na cor grená para lembrar os gestos do passado.

Na América do Sul, por sinal, o Torino encontrou ainda um grande laço com a Argentina. Dois dias depois da Tragédia de Superga, o River Plate, que também presta homenagem a Chapecoense ao anunciar que jogará de verde, tomou a iniciativa de enviar um telegrama e solicitar um amistoso para reverter toda a renda aos familiares das vítimas. Em 26 de maio, então, um combinado de atletas italianos representou o Torino diante da equipe completa dos Millionários, que tinha craques como Di Stéfano. O estádio Comunal de Turim ficou tomado.

Já em 1957, quando o time grená ainda sofria com os reflexos da tragédia de oito anos atrás, o presidente do River Plate, Antonio Liberti, aceitou liderar um comitê que geriu o Torino. Ele comandou o clube por um mês. A relação se transformou, então, numa eterna amizade entre os dois times, que ainda se enfrentaram de maneira amistosa em outras ocasiões e passaram a vestir as cores um do outro em uniformes alternativos. Neste ano, aliás, um dos padrões da equipe italiana homenageia o River.